Colapso em Chapecó: 70% dos testes da Covid estão dando positivo; Bolsonaro prometeu apoio

Alguém que pode precisar de um leito de UTI e mesmo que tenha R$ 1 milhão não vai conseguir aqui na região”, disse o prefeito Rodrigues.


A Administração Municipal de Chapecó realizou na manhã deste domingo uma transmissão para alertar a população sobre a gravidade da situação dos hospitais e ambulatórios de Chapecó.

O diretor técnico da Secretaria da Saúde, João Lenz, disse que somente na manhã deste domingo, dos 53 testes realizados, 73% deram positivo para a Covid-19. Ele afirmou que, pelo nível de contaminação e por estar atingindo pessoas mais jovens há uma suspeita de variante da Covid-19, embora isso não tenha sido confirmado ainda.

O prefeito João Rodrigues fez um apelo para que a população tome os cuidados necessários pois neste momento não tem leito de UTI disponível no município.

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“O nível de contágio é alarmante e estamos tendo que transferir diariamente pacientes dos hospitais para outros municípios. Algumas pessoas têm me criticado por fechar escolas, bares e igrejas, mas é uma medida necessária para frear o contágio”, disse o prefeito João Rodrigues.

Ele até colocou ao vivo o depoimento de um morador de Chapecó, falando que a neta e um sobrinho teriam sido contaminados na escola.

“Foram 11 pessoas infectadas nas duas famílias. Minha esposa está isolada no quarto e estou usando um plástico para poder tocar na mão dela. A população tem que tomar consciência”, disse o avô.

O diretor do Hospital Regional do Oeste, Osmar de Oliveira, disse que neste domingo têm 63 pacientes em leitos de UTI, na Ala Covid ou em outros setores.

“Destes 63, foram 50-internados nos últimos dez dias. E quem está na UTI acaba ocupando um leito no mínimo por 21 dias”, explicou.

A Unimed também divulgou uma nota pedindo que a população tome mais cuidado, pois também está lotada, com 16 leitos de UTI ocupados.

O prefeito João Rodrigues disse que o município tomou medidas de restrições, com fechamento de boates, pubs, tabacarias, suspensão das aulas e proibição de aglomeração e consumo de bebidas nas vias públicas, uma nova lei com penas mais pesadas, mas que as pessoas precisam colaborar.

“Quem não quer tomar os cuidados pelo decreto, que faça isso pelos seus familiares, pelo seu avô que pode se contaminar, por alguém que pode precisar de um leito de UTI e mesmo que tenha R$ 1 milhão não vai conseguir aqui na região”, disse Rodrigues.

Ele afirmou que até está buscando contato com o presidente Jair Bolsonaro, que está em Santa Catarina, para que o Ministério da Saúde ajude a abrir mais 28 leitos de UTI no prédio novo do Hospital Regional do Oeste.

O prefeito elogiou o secretário da Saúde de Santa Catarina, André Motta Ribeiro, que somente neste mês mandou 15 respiradores para Chapecó, além de aeronave para transporte de pacientes para hospitais de outras regiões.

Agradeceu o prefeito de Criciúma, Clésio Salvaro, que construiu um hospital de apoio, com 50 vagas e enfermaria e 40 de UTI, e disponibilizou vagas para pacientes de Chapecó.

Outra medida anunciada pelo prefeito é a contratação de mais médicos, para atuar no atendimento nos Ambulatórios de Campanha da Efapi e Ivo Silveira. Dois profissionais já estão atuando e já somam 55, incluindo a UPA 24. Além disso são 150 enfermeiros e auxiliares somente nos três locais que atendem pacientes Covid.

Presidente Jair Bolsonaro

O presidente Jair Bolsonaro, que está fazendo uma visita a Santa Catarina, no Litoral Norte, ligou para o prefeito de Chapecó, João Rodrigues, oferecendo apoio do Governo Federal no enfrentamento da Covid-19.

“O presidente Bolsonaro me ligou, conversamos, ele me pediu o que preciso em Chapecó, eu apontei algumas necessidades, e ele me disse que tudo o que eu precisar o governo vai providenciar e o pessoal do Ministério da Saúde estará entrando em contato conosco. É uma ação muito forte no sentido de abrir mais leitos de UTI e de enfermaria”, disse Rodrigues.

Gabinete de Crise

Nesta segunda-feira o secretário de Saúde do Estado, André Motta Ribeiro, e o chefe da Casa Civil, Eron Giordani, virão a Chapecó para montar um Gabinete de Crise, ampliando as ações de enfrentamento da pandemia.

O secretário de Estado da Saúde do Estado, André Motta Ribeiro, o chefe da Casa Civil, Eron Giordani, e o superintendente do Ministério da Saúde em Santa Catarina, Rogério Ribeiro, chegaram na manhã desta segunda em Chapecó, para montagem do Centro Integrado de Operações, com o objetivo de enfrentar o aumento de casos de Covid na região Oeste e lotação dos hospitais.

“Primeiro vamos fazer um diagnóstico da situação. Nossa prioridade é aumentar o número de leitos e melhorar processos”, disse o secretário.

A equipe chegou no Aeroporto Serafim Enoss Bertaso próximo das 9h e foi direto para a prefeitura de Chapecó, onde realizou uma reunião com o prefeito João Rodrigues, secretário de Governo, Thiago Etges, secretário da Saúde, Luiz Carlos Balsan, e equipe diretiva da Saúde.

O prefeito João Rodrigues explicou as medidas já tomadas, como fechamento de bares, pubs, tabacarias, cinemas e teatros, redução do horário dos restaurantes, suspensão das aulas presenciais, nova lei aumentando o rigor nas multas e interdição de estabelecimentos, aumento na fiscalização, testagem e contratação de mais médicos. Além disso a Secretaria de Saúde do Estado já mandou 15 respiradores para Chapecó neste mês, o que permitiu aumentar o número de leitos em UTI e em outros setores.

O secretário André Motta Ribeiro disse que as medidas são adequadas mas que elas precisam ser tomadas em conjunto por toda a região e não somente pelo Estado. Ele falou que todos precisam unir forças. Uma reunião deverá ser convocada para amanhã, com prefeitos e secretários de Saúde.

No final da manhã a equipe se deslocou para o Hospital Regional do Oeste, para conversar com a direção e conhecer a estrutura disponível. No ano passado foi inaugurado um novo prédio, com 11 andares, mas que não foi ocupada nem metade dessa estrutura. O prefeito João Rodrigues disse que a abertura de 28 leitos de UTI e mais 30 de enfermaria ajudariam bastante, para reduzir as transferências de pacientes para outros hospitais.

No domingo o prefeito conversou com o presidente Jair Bolsonaro, por telefone, e recebeu a garantia de que o Ministério da Saúde dará o apoio necessário.

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