Em setembro de 2011 vivi minha primeira e única experiência com enchentes. Foi na Uniasselvi/Assevim em Brusque. Já havia acompanhado algumas pela televisão, outras à distância, mas nunca havia sentido na pele o que é, de fato, uma enchente. Ver as águas subindo, sentir o desespero crescendo através de nossa impotência, o despreparo das autoridades, que deveriam ser as orientadoras do processo de minimização de prejuízos, é muito difícil e traumático. Depois, quando as águas baixam vem à contabilização dos prejuízos, a reposição das coisas que tanto nos custaram, tanto em dinheiro como em planos para adquiri-las; vem um sentimento de vazio e culpa por não ter se antecipado ao fato. Impotência e incompetência! Triste, muito triste.
Partamos do princípio de que a ação da natureza, apesar de cada vez mais previsível (pelos recursos tecnológicos, quando disponíveis), torna-se cada vez mais agressiva. O que vimos no último final de semana em Santa Catarina e Paraná foi à violência com que a natureza se pronunciou, a velocidade com que as águas subiram. Não restou muito tempo para a prevenção. Prejuízo foi o que restou.
Se já sabemos de tudo que ocorre quando há uma enchente, se sabemos que moramos em áreas sujeitas à ação desse fenômeno, só nos resta prepararmo-nos para enfrentá-las. Como? Planejando adequadamente a ocupação do solo, reservando áreas que, historicamente, serviam de refúgio para as águas, não as aterrando em nome de um progresso que se revela nocivo às pessoas, pois, em ocasiões como essa quem mais sofre é o povo.
Ao povo cabe o prejuízo da reconstrução, às autoridades as desculpas de sempre. Até quando vamos conviver com problemas que são passíveis de prevenção e correção? Até quando o povo continuará a pagar uma conta que não é sua?
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