O IBGE divulgou nesta sexta-feira (11) o estudo Desigualdades Sociais por Cor ou Raça no Brasil (2ª Edição) dando continuidade à primeira versão, divulgada em 2019, atualizando e propondo novos indicadores, com dados sobre mercado de trabalho e distribuição de rendimento, condições de moradia e patrimônio, educação, violência, representação política e ambiente político dos municípios.
Desigualdades Sociais por Cor ou Raça no Brasil 2ª edição
O estudo reúne um conjunto de informações cujo objetivo é evidenciar a existência das desigualdades que atingem a população brasileira, tendo o recorte por cor ou raça como foco de análise, dimensão importante na caracterização de aspectos estruturais que condicionam a reprodução destas desigualdades ao longo do tempo.
Traz como principais fontes de informações pesquisas elaboradas pelo IBGE, como a Pesquisa Nacional
por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), a Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), a
Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PENSe) e Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), a Pesquisa de
Informações básicas Municipais (MUNIC), além das Projeções da População.
De forma adicional, são utilizados registros de outras instituições como as Estatísticas do Repositório
de Dados, do Tribunal Superior Eleitoral, o Sistema de Informação de Mortalidade, do Ministério da
Saúde, e o Censo da Educação Superior, do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais
Anísio Teixeira (INEP).
Devido às restrições impostas pela baixa representação da população indígena e amarela no total da
população, e uma vez que a maior parte das informações provêm de pesquisas domiciliares, as análises
estão mais concentradas sobre desigualdades entre população de cor branca, preta e parda.
Santa Catarina – Geral
A população catarinense era de 7,33 milhões de pessoas em 2021, das quais:
81,5% eram da cor ou raça branca;
14,7% eram da cor ou raça parda;
3,4% eram da cor ou raça preta; e
0,4% eram da cor ou raça amarela ou indígena.
O estado tinha a maior proporção de população branca do país. Nacionalmente, pretos e pardos representavam 56,1% da população, proporção mais de três vezes superior à catarinense, de 18,1%.
Entre 2012 e 2021, a população branca catarinense teve uma redução de 4,6%.
Em contrapartida, a população parda teve crescimento de 4,7% no período, enquanto
a população preta cresceu 0,7%.
Trabalho e Renda
Em Santa Catarina, a taxa de desocupação entre as pessoas pretas (9,2%) em 2021
foi mais de duas vezes superior à das pessoas brancas (4,5%), e maior também que a
de pessoas pardas (7,3%). Das pessoas ocupadas, a taxa de formalização por cor ou raça se mostrava mais uniforme, com leve vantagem para pessoas brancas (78,6%) frente às pretas ou
pardas (76,3%).
Em Florianópolis, as taxas de formalização eram maiores que as estaduais tanto para
brancos (81,9%) quanto para pretos ou pardos (78,0%). A taxa composta de subutilização (que considera pessoas desocupadas, subocupadas por insuficiência de horas ou na força de trabalho potencial) catarinense foi bem maior entre as pessoas pretas (16,1%) e pardas (14,3%) em relação às brancas (9,4%).
O rendimento domiciliar per capita médio da população branca (R$ 1.779) em 2021 era 28,9% superior ao rendimento da população preta ou parda (R$ 1.265). O rendimento médio mensal no trabalho principal das pessoas brancas (R$ 2.778) foi 25% superior ao rendimento das pessoas pretas ou pardas (R$ 2.084).
Apesar dessa desigualdade de rendimentos entre pessoas brancas e pretas ou pardas, a diferença percentual catarinense era a 5º menor do país, atrás somente das de Rondônia, Ceará, Amapá e Goiás, onde a desigualdade era menor.
Florianópolis tinha a terceira maior desigualdade do rendimento médio do trabalho principal entre as capitais, só a menor que as de São Paulo e Aracaju.
Na capital catarinense as pessoas brancas (R$ 4.876) tinham rendimento médio do trabalho principal 113,5% superior ao de pretas ou pardas (R$ 2.283). Houve redução na desigualdade de rendimentos entre brancos e pretos ou pardos em Santa Catarina na comparação com 2012.
Naquele ano, brancos tinham rendimento 36,7% superior ao de pretos ou pardos. A participação de trabalhadores em cargos gerenciais, analisada somente para Brasil, mostra que a proporção entre pessoas brancas (69%) foi superior ao dobro daquela entre a população preta ou parda (29,5%). Nos 10% da população com maiores rendimentos em Santa Catarina, apenas 8,6% eram pretos ou pardos, contra 91,1% de brancos.
No entanto, houve redução expressiva da desigualdade frente a 2012, quando pretos e pardos representavam apenas 4,9% dessa população com os maiores rendimentos. Já nos 10% da população com os menores rendimentos no estado a proporção de pessoas pretas ou pardas subia para 30,4%, ante 69,1% de pessoas brancas. A proporção de catarinenses abaixo da linha de pobreza, embora a menor do país em 2021, era maior entre pessoas pretas ou pardas (17,3%) em relação às brancas
(8,9%).
Desigualdade semelhante também existia na proporção de pessoas abaixo da linha de extrema pobreza entre pessoas brancas (1,9%) e pretas ou pardas (2,9%).
População total e abaixo das linhas de pobreza em Santa Catarina (2021)
Total Pobreza Extrema pobreza
População branca 5,97 milhões 531,2 mil 113,4 mil
População preta ou parda 1,32 milhão 231,2 mil 38,3 mil
Domicílios e Patrimônio
A diferença de 19,3 p.p. no percentual de pessoas brancas (77,5%) e pretas ou
pardas (58,2%) que residiam em domicílios próprios foi a maior do país em 2019.
A desigualdade catarinense ficou acima da verificada no Distrito Federal (8,5 p.p.),
Rio Grande do Sul (7,3 p.p.) e Goiás (7,1 p.p.).
A proporção de pessoas residentes em domicílios com documentação de propriedade
também foi maior entre pessoas brancas (93,9%) em relação às pretas ou pardas (84,7%). O valor médio estimado do aluguel dos domicílios próprios, caso fossem alugados, foi 21% maior nos domicílios em que a pessoa de referência era da cor branca (R$ 851) ante os que tinham como referência pessoas pretas ou pardas (R$ 672).