Brusque – Diferente do que fez o prefeito Paulo Roberto Eccel (PT) ao reunir uma coletiva de imprensa na manhã desta quarta-feira (25), o vice-prefeito Evandro de Farias, o Farinha (PP), ainda não havia se pronunciado para nenhum veículo de comunicação sobre a decisão dos magistrados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). que cassaram na noite desta terça-feira (24) o registro de candidatura da dupla. Até então, Paulo e Farinha governavam por meio de uma liminar, enquanto corria o processo que apurava abuso de poder político e econômico por parte dos políticos.
Porém, o silêncio foi rompido durante esta tarde, quando Farinha concedeu entrevista exclusiva para Olhar do Vale (ODV). Entre outras coisas, o pepista afirmou que se encontra entristecido pela decisão e que o pior de tudo o que ocorreu é a inegibilidade por um período de oito anos. Confira a transcrição da entrevista do até então vice-prefeito de Brusque. Logo abaixo, você ouve o áudio da conversa, clicando em play.
Olhar do Vale: qual o seu posicionamento sobre a decisão do TSE?
Evandro de Farias: primeiro, com toda certeza eu estou muito triste, porque a gente não queria e não concordo com uma decisão desse tipo. É uma regra que ela mudou na metade do jogo. Uma regra que era diferente, ela mudou e agente tem que se adaptar a ela. Eu acho que aí é que está o grande “xis” da questão. Os advogados vão tentar mais alguma coisa, mas a gente como cidadão, tem que respeitar a decisão da justiça, mesmo não concordando com ela. Então a gente aceita, acata. Os advogados estão fazendo todas as tratativas e nos resta aguardar para ver o que irá acontecer.
ODV: o prefeito Paulo Eccel concedeu uma entrevista para a imprensa, falando sobre o seu posicionamento. O senhor, como vice-prefeito, não esteve junto nesta reunião. Você pretende chamar a imprensa para uma coletiva? Porque você não estava junto com o prefeito na coletiva desta manhã?
Evandro: qualquer órgão de imprensa, como tu me procurasse, te atendo de bom gosto, qualquer outro meio de comunicação eu vou atender. Eu não fiz parte [da reunião] porque quando a gente toma uma decisão na vida da gente nós temos que arcar com as consequências. Eu tomei uma decisão de não fazer mais parte das atitudes políticas do prefeito Paulo Eccel. Então, tivemos uma diferença de opiniões em dezembro. Eu e grande maioria do PP, nós tivemos uma reunião da executiva, sendo que oito quiseram sair do governo e seis não. A maioria concordou e eu tomei a decisão de não fazer mais parte do governo. Então, não vejo lógica de estar numa coletiva que, primeiro, não fui convidado pelo prefeito, segundo, eu o procurei num determinado momento para conversar e ele não nos recebeu, então ele não teve interesse de conversar com a gente. Então não vi lógica em estar presente.
ODV: é uma maneira ruim de terminar a história “Paulo Eccel e Farinha” ou, para você, pelo menos agora tudo está resolvido de uma maneira que os dois tenham “sossego”?
Evandro: não acho legal, acho que não deveria e não poderia ser assim. Perde o prefeito, perde o Farinha. Nós tínhamos um projeto para uma cidade melhor e esse projeto está aí para todo mundo ver. A cidade passou por uma transformação, está mais bonita e organizada. Acho muito triste terminar assim, mesmo com nossas diferenças, acho que não é legal, não estou contente com isso, fico triste pelo prefeito também, pois, eu como vice dediquei grande parte de minha vida ali, mas o Paulo muito mais. Ele trabalhou muito, é dedicado. Não é legal. Ainda tenho esperança de que possa ocorrer alguma coisa, mas se não acontecer, tem o velho ditado que sempre me acompanha: o futuro a Deus pertence.
ODV: você está sendo procurado pelos advogados que cuidam de sua defesa e da de Paulo?
Evandro: toda a tratativa é feita pelo gabinete, pelo Cedenir (chefe de gabinete), feito pelo prefeito, porque quando estão defendendo eles, estão defendendo a coligação. Então esse contato eu não tenho. No início tinha um pouco, mas de um tempo pra cá é feito tudo pela equipe do prefeito.
ODV: você se isenta da culpa de ter abusado econômica e politicamente com a publicidade institucional?
Evandro: a gente faz parte de uma coligação entre PT e PP, somos parte de uma parceria, mas eu nunca deleguei despesa nessa área. Não que eu queira me eximir de culpa, mas tanto no Samae como vice-prefeito eu nunca tive acesso a esse tipo de gasto. Nunca participei de valores. Mas como o processo é pros dois, a gente é punido junto.
ODV: muitas pessoas dizem que você está se escondendo. Qual o seu posicionamento?
Evandro: muito pelo contrário. O vice-prefeito nunca se escondeu. Era muito mais fácil eu ter saído da Prefeitura. Eu tive muitas propostas de emprego, mas não. Eu estou aqui na Rivel diariamente, alguns dias o dia todo e outros só a tarde, porque eu ainda faço dois dias expediente na Prefeitura. Então, qualquer cidadão que queira encontrar o Farinha como vendedor de carro ou como vice-prefeito, eu estou na Rivel, ela não mudou de local (risos), é muito fácil me encontrar. A gente atende todo mundo. Não me escondi em nenhum momento e nem tenho porque me esconder. A minha consciência está tranquila.
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por Wilson Schmidt Junior
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