Coluna Anderson Vieira – 24/03/2024

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Foto: Olhar do Vale

Num reino (des)encantado*

Era uma vez em um reino tão tão distante, os moradores do reino estavam sofrendo, seus cavalos se machucavam, pois as estradas eram muito rudimentares. Havia buraco por toda parte. Em alguns locais, haviam crateras, não permitindo o acesso dos cavalos. A saúde da população estava precária, uma infestação de mosquitos estava tirando o sono da população. Esses mosquitos se proliferaram em toda parte, inclusive em terras de propriedade do reino, que não fazia a manutenção frequente dos seus próprios lugares. As comunidades estavam abandonadas. O povo sofria.


Porém para o rei estava tudo certo. Ele usava seu meio de comunicação oficial se vangloriando do seu trabalho e seus fiéis escudeiros o aplaudiam. Para eles, tudo era maravilhoso. Infelizmente, o ego do rei começou a inflar, afinal tanta bajulação o deixou cego e ele começou a brigar com as pessoas. Primeiro foi com um importante comerciante do reino, depois com um duque que ajudava o reino, depois outro morador e assim foi. Pouco a pouco o rei conseguiu cair no desagrado da sociedade. Ele tentava se mostrar poderoso, mas segundo os menestréis locais, nos bastidores quem mandava de verdade era um mago que ganhou poderes de um reino superior. Segundo o relato desses menestréis, o mago falava abertamente que era ele quem mandava.

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Os súditos tentaram reclamar, mas o acesso ao rei era muito difícil. Dizia ser aberto ao povo, mas abria um espaço apenas uma vez por semana e as pessoas tinham que esperar horas na fila. Certa vez, um nobre do reino ousou falar que o rei precisava dar atenção a uma comunidade. O rei indignado mandou tirar seu mago auxiliar para colocar no calabouço do castelo.

Com o reino deteriorado, começava-se a se falar nos bastidores sobre um desgaste do rei e seus asseclas. Os camponeses já começam a buscar um outro rei. Em breve mais estórias do reino (des)encantado.

*Texto fictício. Se você achou parecido com alguma realidade, vale o alerta que isso pode se tratar de mera coincidência.

Vai esperar chegar o frio?

A Secretária de Saúde esteve em uma sessão da Câmara Municipal de Brusque tentando justificar alguns problemas que ocorrem na área no município, entre elas a falta de ar condicionado em algumas Unidades Básicas de Saúde. Ela explicou que estão abrindo o processo licitatório para a compra e que é um trâmite demorado. Eis que os vereadores tiveram oportunidade de perguntar à Secretária e Rodrigo Voltolini (Sem partido) foi objetivo e deu o recado: “A senhora tem uma data para resolver o problema ou vai esperar chegar o frio?”, indagou o parlamentar. A Secretária falou falou e não deu uma resposta efetiva ao vereador.

Imoral, porém legal?(1)

Nessa semana ocorreu uma sessão extraordinária na Câmara Municipal de Brusque com a tentativa de aprovar um auxílio alimentação para os vereadores e um reajuste de 3,86% ao salário dos nobres edis. Além disso, o projeto da mesa diretora continha um erro crasso(ou intencional?): No mesmo texto do projeto estavam o auxílio alimentação de R$ 950 por mês aos parlamentares com seu reajuste e também o reajuste dos servidores da Casa Legislativa, ou seja, rejeitando o projeto, se rejeitaria tudo. Na tentativa de jogar para a torcida e colocar os servidores da casa contra a imprensa e a sociedade, o vereador Jean Pirola (PP), em justificativa de voto, ao invés de admitir que poderiam ser dois projetos diferentes, disparou a seguinte pérola: “Estou pedindo desculpas em meu nome porque eu não cedo pressão, pressão quem tem é pneu de carro e a gente sabe o que aconteceu. A imprensa pegou justamente um título que os vereadores votarão o auxílio alimentação e fizeram um carnaval, mas porque não falaram que é o mesmo valor que os funcionários recebem? Que a única classe que não tem (os vereadores) estava exercendo o seu direito? Se é moral, se é imoral, nós estamos falando da parte legal, infelizmente vocês (os servidores) não receberão aumento ou auxílio alimento por conta de pressão. Treze vereadores iam votar a favor. Então quando a gente dá a palavra a gente não pode ter volta. E quem não está acostumado com pressão no legislativo ou no poder público, o supermercado está contratando um monte de gente para empacotar compra. Ninguém pergunta quanto a gente gasta por fora para ajudar a comunidade”. Ainda soltou que os servidores da Câmara trabalham sol a sol. O erro de não ser aprovado o aumento dos servidores foi da própria mesa diretora que enviou um pacote de coisas no projeto e não o fez separado. Sol a sol quem trabalha é o empacotador.

Imoral, porém legal?(2)

Graças a imprensa é que a população se informa e sabe de tudo o que acontece. A reclamação de Pirola quanto ao trabalho da imprensa me deixa dúvidas: Os vereadores em questão queria que o projeto fosse aprovado no silêncio? E justificar que compra rifa para receber auxílio alimentação, pode isso, Arnaldo? Vereador, não é o seu primeiro mandato e o senhor coloca o seu nome para disputar uma eleição, sabendo muito bem dos desafios que a função exige. Comprar rifa está no pacote.

Votos favoráveis

Os votos favoráveis ao projeto que concedia ao auxílio alimentação de R$ 950 por mês aos vereadores foram de: Jean Pirola(PP), Jean Dalmolin (Republicanos), Valdir Hinselmann (PL) e Rodrigo Voltolini (sem partido).

Papel da imprensa

Graças ao papel que a imprensa desempenha é que muita coisa não é votada de forma silenciosa. O trabalho do jornalista é esse: trazer a tona o que soa estranho, mas o leitor tira a sua própria conclusão. E foi o que aconteceu. Após matéria, a população pressionou os vereadores para que não fosse votado esse auxílio alimentação aos vereadores. Se não fosse a imprensa, muitas vezes demonizada, o projeto ia passar tranquilamente.

Cargo político

A prefeitura de Brusque anunciou que o vice-prefeito André Batisti, o Deco, (PL ) assumiu o cargo de Secretário de Infraestrutura Estratégica no lugar do engenheiro efetivo da prefeitura Rafael Knis. Deco é empresário, possui uma revenda de automóveis e uma financeira. Tirar um engenheiro para colocar um empresário em uma pasta tão importante que cuida das grandes obras da cidade, não faz muito sentido para mim.

Mensagem da semana:

Se não está contente, pede pra sair.

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Jornalista graduado pela Univali em 2003 e pós-graduado em Gestão Estratégia Empresarial (ICPG) e Marketing (Univali). Passou por diversos veículos de comunicação da cidade, principalmente rádio. Desde 2011 atua também com treinamentos na área de oratória. Já treinou políticos, empreendedores, profissionais liberais e pessoas que tinham interesse em dar entrevista na mídia. Em 2014 fundou o Olhar do Vale, portal de notícias de credibilidade na cidade.