“Quando se escolhe a vacina, o vírus pode escolher você”, afirma Moschetta

Secretário de Saúde de Indaial, médico Paulo Moschetta explica como está a campanha de vacinação na cidade.

Secretário de Saúde de Indaial, Paulo Moschetta. Foto: Divulgação.

Com mais de 40 mil doses aplicadas, de acordo com dados da Secretária de Saúde, Indaial chama a atenção pela forma com que está dando transparência ao processo de vacinação contra a Covid-19. Para se ter uma ideia, há câmeras de vídeo monitoramento nos pontos de vacinação, aonde o cidadão pode acompanhar em tempo real o movimento do dia e um site com todas as informações sobre a campanha. É, por isso que o Olhar do Vale quis entender um pouco mais sobre o trabalho realizado na cidade e conversou o o Secretário de Saúde da cidade, o médico Paulo Moschetta. Acompanhe a entrevista:

Olhar do Vale: Como o senhor avalia o ritmo da vacinação contra a Covid-19 em Indaial?

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Paulo Moschetta: Indaial está com uma estrutura muito boa para a gente atender cerca de 750 doses em média por dia, que foi o que a gente atendeu semana passada. De segunda a sábado, nós fechamos o montante de 6.035 doses aplicadas. No momento a nossa maior dificuldade é com a chegada de novas doses. O governo abriu o grupo da indústria, antecipou o final da vacinação da primeira dose para final de agosto, então a gente correu atrás de equipe, desenvolvemos todo o nosso trabalho e houve uma previsão de envio de doses para Indaial no montante de 4 mil a 5 mil doses por semana para gente vencer esse fluxo e cumprir o calendário, porém até o momento a gente não está vendo essa contrapartida do governo. Vieram 6 mil e poucas doses na semana passada, porém essa semana nós recebemos na tarde de ontem (21) apenas 1.040 doses conforme direcionamento do governo de SC para cada município. O que a gente vêm notando com certa frequência e nós temos questionado bastante o Estado é a desproporcionalidade como eles fazem a distribuição dessas doses. Se você pegar, por exemplo, a quantidade de doses que vem para Indaial e a quantidade de doses que vai para Blumenau, sempre Blumenau recebe o montante de 7 a 9 vezes a mais do que vem a cota para Indaial. Então, se você for levar em conta a questão populacional, não bate o dados porque Blumenau proporcionalmente não é de 7 a 9 vezes maior que Indaial, então existe uma priorização sobre alguns municípios, a gente não consegue entender muito bem essa métrica e isso dificulta bastante as políticas de estratégia da vacinação.

Olhar do Vale: A Secretaria de Saúde tomou alguma atitude em relação a essa desproporcionalidade?

Paulo Moschetta: Em algumas reuniões sempre cobrei o Secretário de Estado, foi falado sobre essa desproporcionalidade e sempre foi justificado que ele não levavam somente em conta o número de habitantes, mas a taxa de positividade, número de mortos, taxa de ocupação de UTI, uma série de coisas, mas se a gente fala de imunização de rebanho, nós estamos falando de objetivos alcançados quando você imuniza uma população acima de 75%, que é o caso da Coronavac em específico. Existe outras vacinas como a Astrazenica, a Pfizer, que você imunizando 70% da população , eles já consideram uma imunização efetiva. Eu acho que eles deveriam levar muito mais em consideração esse critério.

Olhar do Vale: Teve alguma situação da comunidade querer escolher o tipo de vacina que ia ser aplicada? Qual a orientação que o senhor dá a essas pessoas que estão aguardando para escolher o imunizante?

Paulo Moschetta: Sim, existiram várias situações em que a população quer às vezes escolher a vacina. Nós trabalhamos de forma educativa através das mídias sociais com perguntas para a população, com respostas para questionamentos, com publicações que visam mexer com a consciência de cada cidadão, dizendo que quando você escolhe a vacina, você pode ser escolhido pelo vírus e toda vez que você escolhe uma vacina, você acaba atrasando o processo de vacinação, seja no momento da vacinação e também no momento de voltar todo dia para ver se você consegue tomar a vacina escolhida. Nós sabemos que em torno dessas vacinas gira uma política muito grande e isso tem prejudicado nesta pandemia desde o início. Se criou a polarização em direita e esquerda e isso atrapalha quando acontece dentro do cenário da saúde. A gente trabalhou bastante de forma a conscientizar a população. É normal as pessoas me perguntarem: Qual vacina está neste momento” e eu respondo: “A que está com o frasco aberto”. A vacina que eu tomei como profissional de saúde em meados do mês de março foi a vacina que até então o pessoal mais critica que é a Coronavac, que é a que vem da China, e aí se cria toda uma teoria da conspiração e isso é muito ruim, porque a tecnologia que a Coronavac usa é uma tecnologia segura que vem desde da época da vacina contra poliomielite e a gente sabe que funciona e dá uma proteção muito próxima do ideal. Uma grande certeza disso é a vacina contra a H1N1. Se a gente for ver a eficácia, é menor do que a vacina contra a Covid e você vê como a imunização de rebanho funciona bem. São muitos raros os casos de paciente internado ou morte por H1N1.

Olhar do Vale: Para finalizar, gostaria que o senhor comentasse as atitudes que a Secretária de Saúde está tomando para dar transparência à vacinação.

Paulo Moschetta: A gente tem usado as redes sociais e veículos de comunicação, além do site da prefeitura. Nós temos ali no site da prefeitura o acesso as câmeras de monitoramento que mostra o momento da vacinação através de imagens. A gente, diferente de alguns municípios da região, não fizemos o cadastro do paciente, ele simplesmente olha nas câmeras de monitoramento, vê como está o fluxo naquele momento e ele opta por ir ou não para a vacinação. Então é um modelo que desburocratizou bastante dificuldade que alguns tinham de digitalizar os documentos que precisava, antes isso deveria ser no pré agendamento, então a gente viu que no começo a adesão estava baixa, não só pela quantidade escassa de doses, mas por conta desse uso da tecnologia. Então, tivemos a ideia de aprimorar algumas câmeras de monitoramento e colocamos as imagens online e essa é a transparência que a gente passa no momento da vacinação. A gente tem também o vacinômetro onde ali é gerada uma planilha e traz os gráficos para que seja transparente a perda de doses, aplicações, grupos por faixa etária, prioridades e indústrias.

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Jornalista graduado pela Univali em 2003 e pós-graduado em Gestão Estratégia Empresarial (ICPG) e Marketing (Univali). Passou por diversos veículos de comunicação da cidade, principalmente rádio. Desde 2011 atua também com treinamentos na área de oratória. Já treinou políticos, empreendedores, profissionais liberais e pessoas que tinham interesse em dar entrevista na mídia. Em 2014 fundou o Olhar do Vale, portal de notícias de credibilidade na cidade.