Qual a polícia que queremos?


Recentemente participei como convidado da abertura de um importante evento de uma entidade de classe respeitada e atuante em todo o território nacional, entre pompas e circunstâncias o evento foi muito concorrido com a presença de diversas autoridades e profissionais da entidade anfitriã. Após os discursos inerentes ao evento foi apresentado um vídeo institucional da entidade, e, para minha surpresa foram divulgadas várias fotos editadas de manifestações populares, umas da época do regime de exceção e outras das manifestações populares do ano passado e desse ano, sempre destacando policiais militares em ações repressivas, como não poderia ser diferente em virtude dos atos praticados nessas manifestações e de conhecimento de todos.

Mas não quero aqui entrar em discussão com relação as manifestações e a postura da Polícia Militar nessas ações, mas opinar se foi oportuno e indispensável a exibição daquelas fotos, pois o objeto central do evento, acredito eu, era discutir a ética e o direito como doutrina dos profissionais que fazem parte da entidade que organizou o evento, e não, atribuir nas imagens que a Instituição Polícia Militar é tão somente a força repressora, violenta na sua essência de atuação e arbitrária, contrária aos anseios da democracia de uma nação, pelo menos foi essa mensagem que ficou, pois em nenhum momento foi exibido fotos dos policiais militares sendo apedrejados, agredidos verbal e fisicamente; acredito que o cidadão policial militar foi esquecido na filmagem.

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A Polícia Militar tem como missão constitucional a preservação e manutenção da ordem pública. No desempenho das nossas atribuições legais nos deparamos com pessoas do bem, mas infelizmente, também, nos deparamos com pessoas de índole duvidosa, irresponsáveis e até criminosas, não é fácil em nosso país tentar fazer com que prevaleça o ordenamento jurídico em sua plenitude, em virtude disso a PM é julgada, na maioria dos casos, como a força repressora do Estado.

Fico a imaginar, se nas manifestações populares que foram palco do filme exibido no citado evento, se a PM atuasse negligentemente deixando “ o circo pegar fogo”, literalmente, já que para muitos tudo aquilo era um ato democrático. Com certeza seria um caos, felizmente a PM atuou em todos as direções de conflito, prevalecendo e sustentando a base democrática de uma nação, proporcionando que as pessoas de bem pudessem se manifestar de maneira ordeira e pacífica.

Mas o que me incomoda é essa “propaganda” em tentar demonstrar as gerações atuais e futuras o quanto a Polícia Militar é violenta, antidemocrática e que só serve para os interesses do Estado; Como teremos respeito, como seremos valorizados e reconhecidos pela sociedade, principalmente dos jovens, se o que é repassado desde a sua tenra idade são apenas imagens e noticiários de arbitrariedades policiais, em atos isolados e cenas editadas para dar a sensação de policiais despreparados, corruptos e violentos.

Em nenhum momento foi exposto nas filmagens a depredação e o caos efetuados por criminosos que por covardia se escondiam na turba e no anonimato das massas, com seus rostos escondidos prontos para uma guerra. Será que esses policiais militares e os que tombam diariamente na luta contra o crime não tem, também, seus direitos de cidadão? Quem deve então defender a sociedade de bem?

Pergunto porque na mesma proporção não se divulga diariamente o que a Polícia Militar faz de melhor para a sociedade, pois, se as cadeias estão lotadas é pelo trabalho incansável dos policiais em todo o Brasil em efetuar bem o seu trabalho, só em Brusque ano passado atendemos mais de 17.000 ocorrências de todas as naturezas, inclusive problemas que não eram de natureza policial, mas de caráter social ou familiar, sem contar o nosso Programa PROERD, a Transitolândia, as inúmeras prisões diárias, os policiamentos de eventos, as Operações de Trânsito, enfim, uma ampla diversidade de ações que são esquecidas ou diminuídas por uma fato isolado de uma ação mal sucedida de um policial.

Porque não se divulga a dor, a angústia e o sofrimento das famílias dos policiais militares que tombam em serviço na defesa da sociedade, são números alarmantes para qualquer país decente ou civilizado, exemplo maior é o Estado de São Paulo que por ano morrem mais de 100 policiais no combate ao crime, fato este ignorado solenemente pelas instituições que se declaram preocupadas com os direitos humanos e a proteção da vida.

Temos que deixar a hipocrisia e a falácia de lado e construir valores éticos e morais, amando, preservando e valorizando nossas instituições, pois não adianta educar seu filho para respeitar as pessoas, se na primeira oportunidade que tiver humilha, ofende ou critica de forma injusta um professor, um policial ou outro qualquer servidor público.

Não defendo,em nenhuma hipótese o mal profissional, esse tem que ser alijado de qualquer instituição que sirva, através do devido processo legal a que tem direito, mas quando enfraquecemos as instituições que tem por escopo a defesa da sociedade, em virtude de exemplos rasos ou por ranços fisiológicos, estamos fortalecendo a outra parte, pois quem se beneficia de uma polícia desmotivada, ultrajada e distante da sociedade? Apenas aqueles que querem o recrudescimento da violência e da criminalidade.

 Um grande abraço.

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