Brusque/Santa Maria (RS) – Agentes da Polícia Federal lotados na cidade gaúcha de Santa Maria deflagraram durante a quarta (25) e quinta-feira (26), a segunda fase da operação Medicaro. A ação, que é feita em parceria com o Ministério Público Federal (MPF), investiga servidores públicos que compram, por meio de fraude, medicamentos fornecidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS), destinados à pacientes que os ganham por via judicial.
Dos dez mandados de busca e apreensão, nove foram cumpridos na cidade sulista e um em Brusque, num apartamento localizado na Rua do Convento, próximo do Colégio São Luiz, na região central do município. Além disso, um mandado de prisão também foi expedido pela justiça e cumprido pelos federais, que não divulgaram o nome dos investigados.
De acordo com a PF, após investigação na primeira fase da Medicaro, ficou evidenciada a prática fraudulenta que ocorria da seguinte forma:
Para conseguir judicialmente os medicamentos, geralmente com preços altos, a Coordenadoria Regional de Saúde, com sede em Santa Maria, tinha de apresentar três orçamentos de farmácias;
Apenas um estabelecimento fornecia os três orçamentos, com papeis timbrados de farmácias diferentes, a fim de evitar concorrência. Ocorre que todos os preços eram superfaturados;
Intermediários que forneciam os orçamentos, além dos advogados que auxiliavam nos trâmites, recebiam comissão que variava de 5% a 10%;
Um servidor público da coordenadoria direcionava a aquisição dos medicamentos pelas farmácias envolvidas no suposto esquema. Ele também recebia porcentagem.
Para se ter ideia da dimensão que o esquema pode ter tomado, apenas em 2014 a Coordenadoria Regional de Saúde movimentou cerca de R$ 8 milhões para compra de medicamentos conseguidos via judicial. Cerca de 10% de todo esse montante pode ter sido desviado para a comissão dos envolvidos no esquema. No RS foram apreendidos documentos, computadores e cerca de R$ 124 mil em dinheiro corrente.
por Wilson Schmidt Junior
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