Camargo explica coloração da água e falta de abastecimento


Desde janeiro, o Serviço Autônomo Municipal de Água e Esgoto (SAMAE) tem um novo diretor-presidente: Trata-se de Luciano Camargo, de 38 anos. Servidor público de carreira, é técnico em meio ambiente. Ele é filiado ao DEM (Democratas).

Camargo recebeu o jornalista Anderson Vieira para uma entrevista e entre outros assuntos, abriu o jogo sobre os desafios e problemas que a cidade enfrenta quando se trata de abastecimento e também sobre a água suja que alguns bairros vem recebendo. Acompanhe a entrevista:

Olhar do Vale: Quais os principais desafios que você vê para o SAMAE?

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Luciano Camargo: Nosso principal desafio hoje é abastecer todos os bairros que já têm as ligações concluída. O SAMAE parou de investir e aí não é culpa do consumidor que paga sua fatura em dia e quer qualidade. O consumidor quer ter água em casa, ele não quer chegar em casa às dez horas da noite e esperar até uma hora da manhã para tomar banho. Esse é o nosso maior desafio que vai ser resolvido com a obra da Estação de Tratamento da Cristalina concluída. A obra vai levar um determinado tempo, então não é possível prometer para o cidadão que será resolvido de imediato, o que estamos buscando são ações que amenizem o problema até essa obra ser totalmente concluída.

Olhar do Vale: Como está a estrutura do SAMAE?

Luciano Camargo: Hoje temos apenas três ou quatro servidores terminando o ensino superior. A grande maioria tem ou curso técnico ou superior, temos três leituristas que são engenheiros civis, então o nosso corpo técnico e operacional são excelentes. A nossa frota de veículos está defasada, os números mostram que não tem mais como mantar a nossa frota. Se tornou um gasto desnecessário. Toda hora é oficina. Temos que ter uma frota boa para pegarmos as obras no final do verão e entregar no inverno, não ao contrário, quando é época que a população mais precisa. Outra questão é o atendimento, nós queremos um atendimento mais humanizado. Essa foi a primeira coisa que pedi em reunião quando assumi. O cidadão quer explicação, não ser enrolado.

Olhar do Vale: Durante 2020, Brusque sofreu várias vezes com falta de abastecimento. Sabemos que projetos são a longo prazo porque demanda de planejamento orçamentário entre outras coisas, mas o que dá para fazer a curto prazo para que a população não sofra com a falta de abastecimento em 2021?

Luciano Camargo: A primeira coisa que tomamos como decisão é levar a nossa rede do centro até até a entrada do Ribeirão do Mafra, já com a rede própria que vai ser a rede da Cristalina, com isso a gente vai conseguir abastecer toda aquela região, do Tomaz Coelho, Cedro, Cedrinho, Ribeirão do Mafra, porque aí a nossa cota de água fica só para aquela região. Com isso, começa a liberar o abastecimento no Dom Joaquim. Nós estamos preparando toda a estrutura da rede. É como se estivessemos iniciando de trás pra frente, mas é alternativa economicamente viável a curto e médio prazos.

Olhar do Vale: O SAMAE recebe muitas críticas em função da coloração e sujeira que a água tem chegado nas torneiras, muitos dizem que o tratamento não está sendo feito de forma adequada. Gostaria que você desse a posição do SAMAE quanto a isso e quais medidas serão tomadas?

Luciano Camargo: Com certeza, essa é uma situação. Eu fiquei 20 ou 30 dias em São Paulo, fiz um curso na única instituição do Brasil que credencia as pessoas para trabalhar na SABESP (Companhia de Saneamento de São Paulo) . Esse é um mal de todas as empresas de saneamento. Se for conversar com o Diretor-presidente do SAMAE de Blumenau, eles passam pelo mesmo problema, Jaraguá do Sul também tem lá. Aquela sujeira, aquela cor amarelada é um complexo de ferro e manganês que ocorre naturalmente porque é da própria água, não é a gente que coloca aqui e não é característica da água do rio. Existem as legislações federais que as empresas devem cumprir para que amenize este problema. Nós temos que deixar sempre a rede pressurizada (rede cheia), porque quando a água está completa na rede não acontecesse isso, mas quando temos um problema de estiagem a água passa pelo meio, quando se rompe uma rede, acontece a mesma coisa; Você tem que ir fechar a rede, cortar o cano, emendar e quando abre, vem o jato com essa água. Uma das soluções é manter a pressurização de água constante, só que cada município tem as suas características e a nossa é muito ruim, porque nós temos muito morro. Então eu tenho diferenças de pressão, uma oscilação muito grande. A gente se baseia na segunda alternativa, que é nos lugares de bastante incidência, mais comuns em rua sem saída, porque ela vai procurar uma torneira. As casas que tem caixa de água sofrem mais, porque a água decanta e você não percebe. Isso não é irrelevante, esse já foi primeiro pedido: Nestes pontos que a gente sabe que tem incidência é fazer pontos de descarga por uma comissão de servidores, aí se cria um cronograma de limpeza. É a solução mais viável. E a outra alternativa é o desassoreamento das barragens. 80% das nossas barragens hoje estão assoreadas, é barro. No primeiro dia eu já tomei essa medida: Limpar , para que quando chova a água não passe pelo barro. É óbvio , mas não era feito. Vamos fazer isso a cada 45 dias.

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