Passados praticamente 30 dias de gestão dos prefeitos da região, o O Olhar do Vale procurou o prefeito de Botuverá, Victor Wietcowsky, para saber se o novo mandatário da cidade já se adaptou e tomou conhecimento da máquina pública para imprimir o seu ritmo na gestão da prefeitura. Durante a entrevista, o prefeito fez uma revelação: “A prefeitura está em uma situação pior do que a que foi informada pela administração anterior”. Confira a entrevista:
Olhar do Vale: Prefeito, um mês de trabalho, praticamente, né? Você tomou pé da situação, começou o seu mandato na prefeitura, nós vamos para 30 dias, qual é a avaliação que você faz?
Victor Wietcowsky: A avaliação que a nossa administração faz é que não estava do jeito que foi nos passado. O que a gente conseguiu fazer na transição foi pedir relatórios, os relatórios vieram após a primeira reunião da transição, e após isso, por causa daquela batalha judicial, os trabalhos da transição foram paralisados, retornaram após a diplomação, após o dia 11 de dezembro, onde não houve mais tempo hábil para a gente conseguir fazer as vistorias necessárias para conseguir estar presente no dia a dia da prefeitura, vendo o modo de trabalho, que era muito importante para a gente conseguir dar andamento, entender como estava funcionando, e a gente, se precisasse mudar alguma coisa, a gente já viria com a nossa forma de trabalhar, e isso não teve. Aí quando a gente chegou, a partir do dia 2, é que a gente foi realmente tomar o pé da situação como é que estava. A gente tem o problema das colheitadeiras, ficou ali entre safras todas as colheitadeiras e não foram consertadas. A gente chegou no dia 2, pegando agora janeiro, que é um mês de colheita do milho, e nenhuma colheitadeira funcionando, então pegou nós assim, desprevenidos nessa questão. Elas estão no conserto, estamos tendo que dar os nossos pulos, temos que resolver, a gente está aqui para conseguir dar solução aos problemas que chegam. Então esse é um deles. Carregadeira quebrada, retroescavadeira quebrada, tem questão dos ônibus escolares com peças para serem trocadas, não estava, vamos dizer, em dia na oficina. Então essa foi a forma de trabalhar. Chegamos aqui e tinha, por exemplo, secretarias que não tinham pessoas efetivas trabalhando no administrativo. Tinha secretarias, tinha setores que eram todos comissionados. Então a gente chega num setor desse, sem ninguém trabalhando. E a gente tem que colocar pessoas da nossa confiança para ir aprendendo e começando a tocar os trabalhos. Mas é até uma forma de trabalhar que a gente quer mudar. A gente quer botar pessoas efetivas em todos os administrativos de todas as pastas para não acontecer isso de paralisar os serviços quando acontecer uma troca de gestão.
Olhar do Vale: Então quer dizer, havia uma diferença do relatório apresentado pela administração passada do que vocês encontraram aqui na prefeitura?
Victor Wietcowsky: Os relatórios, na verdade, estavam corretos, mas o relatório é o que? O que tem em dinheiro? O que tem em conta? Quais são os ativos da prefeitura? O que tem no ativo imobilizado? As máquinas, equipamentos? Agora o real estado delas, dessas máquinas e dessas questões, só indo lá ver e botando para funcionar. É o que a gente diz. Deixar ali tudo parado, bonitinho, fazer um vídeo, está tudo aqui, é uma coisa. Quando começa a botar para funcionar, que daí você vê que os problemas mecânicos acontecem. Então essa foi a diferença. Você percebe como a máquina que está ali parada e a hora que tu bota ela para funcionar, como é que ela realmente está. Uma outra dificuldade foi que assim que a gente assumiu, a gente foi chamado pelo presidente do Núcleo de Empresários de Botuverá, o Edson Miller, que a gente se encontrou também com com o engenheiro da Celesc, que a obra lá da substituição não estava de acordo com o projeto. Então, a gente foi até lá ver essa questão, realmente o engenheiro da Celesc esteve ali e verificou. Nós fomos na semana passada lá falar com o presidente da Celesc, estivemos lá e demonstramos a nossa preocupação com isso e nos colocamos à disposição. Hoje a gente vai ver a legalidade de estar fazendo alguma obra naquele terreno que já é da Celesc, que não é mais da prefeitura, mas, por exemplo, a estrada é pública, na estrada a gente consegue mexer, alterar e fazer conforme o projeto que a Celesc quer. Porém, no terreno da substituição, que não está de acordo, aí a gente vai ver a legalidade, ou nós, ou o Núcleo de Empresários, ou até mesmo a própria Celesc, que eu acho mais difícil, mas a gente vai ter que resolver esse problema para conseguir inaugurar essa subestação da Celesc.
Olhar do Vale: Traria muitos benefícios para a cidade…
Victor Wietcowsky: Muito, demais. A gente queria até inaugurar no dia 21 de dezembro, como era o prazo, mas, conforme conversa com o presidente, é praticamente impossível a gente conseguir inaugurar ainda esse ano. Porque, devido aos prazos de edital que agora vai ser lançado, eles estão esperando a liberação ambiental, para daí poder lançar o edital da construção. E o edital da construção vai ter 12 a 14 meses de construção. Então, provavelmente essa obra vai ficar lá para março ou abril do ano que vem. A Celesc colocou outras opções para dar um suporte nesse período, enquanto não tiver, eles têm outras opções para mandar essa energia para cá, que é o faltante, mas que já deixaram claro que vai ser praticamente impossível inaugurar em dezembro, e que seja mais provável a março ou abril de 2026.
Olhar do Vale: Quais as ações que você pretende realizar a partir de agora, visto que você tomou o pé da situação e algumas atitudes precisam ser tomadas?
Victor Wietcowsky: Sim, nós temos agora o mês de janeiro para a gente começar a entender e ver a real situação de como estão todos os órgãos públicos aqui de Botuverá, todas as secretarias. Agora, no fechamento do mês, a gente vai ter a reunião com os secretários, eles vão trazer para nós como está a situação, a real situação, e nós vamos tomar as providências para, a partir de fevereiro, a gente começar a ir sanando os problemas e começando a imprimir o nosso ritmo. O que a gente fala, o que a gente pede é até um pouquinho de paciência. Muitas pessoas nos procuram, mandam mensagem, às vezes demoro um dia, dois, para ver uma mensagem, responder, mas é por causa desse ritmo frenético. A gente aqui está chegando às sete da manhã e saindo às sete, sete e meia da noite, uma jornada de trabalho bem trabalhosa e intensa, mas é para a gente conseguir assimilar o máximo possível e tentar resolver. Acredito que a partir de fevereiro ou março a gente já consiga andar com as nossas próprias pernas.
Olhar do Vale: Você já tem ideia de que projetos você consegue implementar nesse primeiro ano de governo?
Victor Wietcowsky: A gente tem uma grande demanda para o pronto-atendimento da saúde. Isso a gente já está conversando para esse ano ainda, abrir um pronto-atendimento, porque hoje em Botuverá só tem UBS. Então, aqui tem conversa com o Hospital Dom Joaquim também, talvez eles prestassem serviço fora do horário. Então, esse é um projeto., em 13, 14 minutos está lá no Hospital Dom Joaquim, é bem próximo. Eles têm uma estrutura boa também para nos atender. Mas a gente também pensa em andar com as próprias pernas. A gente ter o nosso próprio pronto-atendimento. A questão do laboratório (de análises clínicas), que tinha um posto de coleta do laboratório aqui, e desde dezembro saiu, não quis mais prestar o serviço, pelos motivos dele, enfim. E nós assumimos dia 2 sem o laboratório, sem o posto de coleta. Então, é ruim para o nosso município ter que se deslocar para outra cidade para fazer uma coleta laboratorial. Então, a gente já conseguiu sanar esse problema. A secretária de saúde já conversou com outro laboratório credenciados e a partir agora do dia 3, a gente já vai retornar com o serviço do posto de coleta. Então, são duas. Uma já resolvido, que está voltando o laboratório e a outra será no pronto-atendimento. A questão que a gente já está botando em andamento no Obras, por exemplo, é a colocação do material e manutenção das estradas. Isso a gente já, em todas as estradas, a gente já está começando a fazer. Agora, no primeiro momento, as estradas gerais. E onde vai passar os ônibus escolares. E, no segundo momento, as estradas vicinais também. A gente vai dar andamento nisso. Na educação, o que a gente conseguiu conversar com o Estado e ter um entendimento foi sobre a não municipalização no primeiro momento.
Olhar do Vale: E a saúde financeira da prefeitura? Já deu para dar uma boa debruçada em cima?
Victor Wietcowsky: A saúde financeira, a gente pegou com um bom recurso ali, na casa dos R$ 6 milhões. Só que desses R$ 6 milhões, ali dentro, tinha quase R$ 1,3 milhão que estava bloqueado pelo Estado. Aquele recurso do Recupera SC, que o Jorginho anunciou em fevereiro do ano passado, para a recuperação das enchentes. Veio R$ 2,5 milhões desse valor. Foi utilizado o que estava no plano de trabalho e está bloqueado. Acabou o prazo, está bloqueado ali R$ 1 milhão, quase R$ 1,3 milhão. Então, R$ 6 milhões já não tem mais isso, porque tem esse valor bloqueado. Aí tem os valores que são do convênio de polícia militar, bombeiro, do Fundo da Infância e Adolescência, do idoso, da Defesa Civil. Então, são todos recursos específicos, que a gente não tem essa gerência. Está cada um na sua conta. Tem a questão dos recursos que são vinculados da saúde e da educação. No fim, o que sobra de recurso livre para a gente gastar, que é nosso mesmo, que a gente pode gastar em qualquer pasta, fazer uma suplementação financeira, é em torno de R$ 1, 4 milhão. Então, não é de todo ruim, mas não é uma maravilha. Até porque as despesas mensais da Prefeitura giram em torno de R$ 3,5 milhões ao mês .