Dando continuidade as entrevistas com os pré-candidatos a prefeito de Brusque, o Olhar do Vale conversou com Cedenir Alberto Simon (PT), de 50 anos. Natural de Seara, Simon é Mestre em História pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), foi assessor do então Deputado Estadual Paulo Eccel no ano de 2003 e chegou a coordenar a Comissão de Educação da Assembleia Legislativa. No ano de 2008 veio para Brusque a convite de Eccel, que se elegera prefeito para um mandato que começara em 2009, passou por vários cargos na administração municipal, inclusive o de Secretário de Comunicação. Casado há 24 anos com Elisabeth e pai de dois filhos, Simon coordena atualmente o mandato da Deputada Federal Ana Paula Lima e é o atual tesoureiro do PT em Santa Catarina. Acompanhe a entrevista:
Olhar do Vale: Você foi a indicação da Federação Brasil da Esperança (PT,PV e PCdoB) para ser o pré-candidato a prefeito de Brusque. Como é que você recebeu essa notícia e você deve ir mesmo para a confirmação do seu nome para a candidatura?
Cedenir Simon: Foi até com surpresa, uma surpresa positiva. Porque, na medida foi uma discussão coletiva e o nosso candidato seria naturalmente o Paulo Eccel, o Paulo resolveu cuidar do que ele está fazendo hoje, que é um trabalho maravilhoso no Estado em relação ao Ministério do Trabalho, que ele coordena em SC, então tem andado muito nessa área sindical e tudo mais. O Ministério do Trabalho tem funções estratégicas e no governo também, na vida das pessoas. Então o Paulo tem cuidado disso e, por conta que teve a eleição de setembro, a opção nossa e dele, foi de que este ano ele ia cuidar dessa outra função e poder montar uma outra estratégia em relação a nomes na eleição municipal. E foi meio que automático, vou repetir; para a minha surpresa e até uma alegria, na verdade, uma gratidão, por ter sido em nome de consenso, muito tranquilo. Para mim, teve que ficar adequado, porque, afinal de contas, tem umas funções, vou chamar assim, internacionais. Então, tive que pensar um pouquinho, combinar um pouco isso com o conjunto da obra, como se diz, mas se achou melhor aceitar esta possibilidade, então estamos aí nessa pré-candidatura, iniciando agora um planejamento, pensando um pouco, apesar de a gente já ter um legado muito grande do governo que a gente fez aqui em Brusque, apesar de todo o legado do Governo Federal também na cidade, já tem muita coisa para falar, para dizer, então a gente não está saindo do zero. Também reconheço que eu não sou um nome popular, mas que eu tenho essa memória toda muito presente do que foi a construção nossa aqui na cidade.
Olhar do Vale: O que muda nesse processo de eleições que está por vir com a ausência do Paulo Eccel como candidato?
Cedenir Simon: Acho que não vai ser uma ausência, o Paulo vai estar ausente da urna, mas acho que muda a característica. Obviamente, cada um tem a sua, eu tenho a minha, o Paulo tem a dele. E a nossa pré-candidatura me permite fazer uma conversa mais efetiva, mais papo reto em relação ao conjunto do que significa. O Paulo tem um nome, um legado, uma história, foi prefeito, deputado, enfim. É normal que tenha um pouco mais de trato nas conversas, eu já posso falar abertamente, por exemplo, de quem seria um fantoche. O André Vechi hoje é um fantoche. Todo mundo sabe que quem comanda a prefeitura é um tal de Nei. Isso é uma vergonha para a cidade. Então, o prefeito de Brusque, uma cidade com praticamente cem mil leitores, 150 mil pessoas, uma cidade importante, histórica, e hoje tem um prefeito que não coordena o município, coordena a região, as pautas que são importantes, ele acaba servindo como um fantoche de uma pessoa que não tem essa qualificação. Muito menos os votos para ser conservador. Por exemplo, posso falar isso abertamente e vou falar isso abertamente. Vou dizer abertamente a diferença entre um governo progressista, como o nosso foi e o nosso será e um governo que se diz conservador mas que na prática não passa de hipócrita. Inclusive na pauta conservadora. Vou poder falar isso abertamente. Vou convidar o povo de Brusque a refletir sobre se quer votar positivamente pensando no futuro, pensando em planejamento, pensando em desenvolvimento, ou se quer votar contra alguém. O povo escolhe, se o povo de Brusque prefere votar a favor do progresso, do futuro, ou prefere ficar com a falta ainda, com as deficiências que são graves na saúde, na educação, no transporte, por exemplo, na mobilidade. Esse é o meu convite. Então, posso fazer essa conversa abertamente e farei. Essa é uma diferença que é importante, não desqualificando, vou repetir aqui, a função e o papel do Paulo como estratégico. Paulo é o nosso maior líder e o respeito, vai estar na campanha, com certeza, tanto aqui quanto em vários lugares do Estado, e minha alegria, inclusive, é representá-lo nessa campanha. Eu acho que isso é fundamental.
Olhar do Vale: Você tocou num ponto que é o conservadorismo, que Bolsonaro chegou a fazer uma boa votação na cidade de Brusque e se vende a ideia de que a cidade é Bolsonarista. Isso atrapalha as pretensões do Partido dos Trabalhadores?
Cedenir Simon: Eu vou perguntar, Anderson. Por que é que a cidade vota numa pessoa que é contra o que a cidade pensa? O Bolsonaro não é um exemplo de família, não é um exemplo de comportamento, não é um exemplo de gestão pública, não é um exemplo de obras públicas que não têm legado nenhum positivo para a cidade, para as pessoas da cidade, para Brusque e para o Estado. Então, vou perguntar para as pessoas por que é que uma pessoa que não pratica o que as pessoas de Brusque pensam e falam, trabalham, cidade empreendedora, do bem, de família, tudo que o Bolsonaro não é, por que as pessoas votam nesse cara? Então, a minha pergunta vai ser nesse sentido e mais, por que é que não pode mudar. O que pega, na verdade, aqui, me parece muito mais o medo das pessoas de dizer que não concordam, talvez com medo de perder emprego, com algum medo do que outra coisa. Então, a pergunta vai ser essa. Por que vocês votam num cara que não cuidou de vocês? Porque a cidade é, ou era, mas acho que não é mais, bolsonarista, apesar de ser um bolsonarismo hipócrita, canalha, que não cuida das pessoas.
Olhar do Vale: Você comentou que considera o prefeito da cidade um fantoche. Qual é a avaliação que você faz da administração municipal nesse momento?
Cedenir Simon: Que tem que começar, não é? André Vechi está no governo faz quanto tempo? Ele já estava no governo do Ari. Ele foi funcionário do Ari, ele foi funcionário do Molina, se elegeu vereador como base do governo, foi presidente da Câmara, teve a circunstância de assumir, mediante a cassação do Ari e não começou o governo ainda. Ele está no governo desde maio do ano passado. Teve uma eleição municipal e cadê o governo dele? O que ele está fazendo são obras que o Paulo Eccel deixou, como a Victor Meirelles em Santa Terezinha, como a 1° de Maio. Até mesmo obras que o Ari também deixou. Cadê o governo do André? André tem que parar de ser fantoche, parar de mimimi ideológico da direita e começar a ser prefeito.
Olhar do Vale: Sobre a aproximação dos partidos, que muitos falam, que conversam com todo mundo, menos com a esquerda, e que a gente sabe que para vencer uma eleição precisa das aproximações, das coligações. Como é que você vê isso?
Cedenir Simon: Eu lamento que os partidos tenham problemas de conversar com a dita esquerda, que somos nós no caso. Nosso campo é um campo progressista, um campo que está no Governo Federal, que está participando o MDB, está participando p União Brasil, está participando o PSD. O Governo Gederal está em todos os partidos. Está participando o PSDB, está participando o PP, inclusive. Quem não está no Governo Federal é uma parte do PL. Até no PL tem deputados votando com o governo. Eu lamento muito que tem pessoas de Brusque com problema de conversar, porque nós temos que conversar sobre a cidade, não sobre o partido. Temos que falar sobre quem pode efetivamente colocar a cidade num patamar de futuro, quem pode desenvolver a cidade. E você dizer que não conversa hoje com o Partido Trabalhador, com o campo progressista, com o campo democrático, é dizer que você não quer conversar com o Governo Federal? É isso? Está deixando de conversar para ajudar a cidade? Então, é muito estranho e lamentável. Da nossa parte, estamos abertos a conversar com todo mundo, obviamente com o PL não vai dar, que daí é o nosso campo oposto de verdade, mas os demais não temos nenhum problema, muito pelo contrário. Vou repetir, nacional e mesmo em SC hoje, em vários municípios, é uma aliança que exclui o PL, mas não exclui mais ninguém. Lamento que alguns de Brusque não estejam alinhados ainda com o momento da lógica de pensar a cidade.
Olhar do Vale: Essa aproximação com o governo federal, ela pode beneficiar em relação ao discurso durante o processo eleitoral?
Cedenir Simon: Com certeza. Evidentemente o que pode fazer efeito aqui é o Governo Federal. O governo do estado não faz nada. Alguém viu o Jorginho aqui fora da campanha? Alguém viu uma obra do Jorginho Mello aqui no município? Cadê o governo estadual? Não pode nada? Não tem nada. Cadê o debate sobre a questão da falta de energia elétrica aqui na cidade, por exemplo, da Celesc, para as empresas? Não tem governo federal ou estadual. O governo estadual está fora do município. Cadê o governo estadual para induzir a economia do Estado e do município, como faz o governo federal hoje a nível mundial? O governo estadual hoje está dentro de um mimimi ideológico, em vez de pensar a política pública para o estado. E eu falo isso em relação, inclusive, aos prefeitos de São Paulo, ou de Minas Gerais, do Rio Grande do Sul, que está alinhado com o Governo Federal na busca de investimentos
internacionais para o Brasil. E o governo Jorginho Mello está indo unheco-unheco, está indo mimimi. Então, cadê o Jorginho Mello no Estado? Então, nos resta cada vez mais ter relação com o Governo Federal. Se você pegar, Anderson, e quem vai nos ler aqui, eu vou mostrar a quantidade de obras e de investimentos, mais no caso aqui, de obras diretamente que o Governo Federal faz na cidade. Qual foi o último investimento que teve aqui no município de verdade ? Foi o IFC, foram as obras de macrodrenagem e não teve mais. E foi nos governos nossos. Então, a relação do município com o Governo Federal é estratégica, é fundamental. Hoje, quem tem programa, por exemplo, de macrodrenagem, saneamento, de modernização da rota de ônibus, toda gestão pública, quem tem é o Governo Federal, quem tem planejamento. Então, ter um município que é um prefeito alinhado com essa estratégia é fundamental. Até, inclusive, para poder captar investimentos de indústrias privadas e vir para o município. Então, vejo que é central e estratégico essa relação.
Olhar do Vale: Hoje a relação entre o atual prefeito e o governo federal está abalada?
Cedenir Simon: Não tem relação. Só se abala quando tem. O governo municipal não quer ter relação com o Governo Federal. Acabamos de conquistar para a cidade 29 equipes da Saúde da Família. O prefeito teve a dignidade e o caráter de dizer que foi uma decisão federal? 27 equipes da Saúde da Família, não é pouca coisa. Acabamos de conquistar uma UBS e o governo municipal não teve a dignidade de reconhecer que foi o Governo Federal que conseguiu. Acabamos de ter investimento em várias áreas aqui. Estamos buscando oncologia para a cidade. Cadê o governo municipal? Tem a demanda toda da drenagem, cadê o governo municipal para poder projetar o futuro aqui? Então, não tem relação nenhuma, não tem nada abalado, porque não tem, e não tem porque o governo municipal não quer. Não é por falta abertura no Governo Federal para isso. Tanto é que o vice-prefeito esteve lá no Ministério algumas vezes, tentando dar um balão lá no governo, eles vão lá e acham que vão enganar alguém. Não vão enganar ninguém. O Governo Federal vai ser justo.
Olhar do Vale: Que tipo de balão você acusa o vice-prefeito de tentar fazer?
Cedenir Simon: Vão lá de dia pedir coisas, não reconhecem que estavam lá, e depois de noite vão lá tomar cachaça com o Bolsonaro. Aí não dá, né? Podem tomar cachaça com quem quiser, mas tem que ser dito “estive no governo federal, fui buscar o governo federal”, tem que ser dito, tem que ter caráter. A gestão pública tem que ter planejamento e caráter, e é o que eles não tem aqui hoje.