Presidente do Sinseb acusa vereadora de tentar sabotar acordo entre servidores e Prefeitura


 

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Foto: ilustração ODV –

O sindicalista e presidente do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais (Sinseb) Orlando Soares Filho concedeu entrevista ao Olhar do Vale sobre o reajuste firmado semana passada entre Prefeitura de Brusque e Servidores Públicos. Durante a entrevista, Soares denunciou que a vereadora e também sindicalista, ou seja, colega de Orlando no Fórum das Entidades Sindicais, Marli Leandro, teria tentado sabotar as negociações entre servidores e prefeitura de modo que o acordo não fosse fechado. Acompanhe a entrevista:

Olhar do Vale: Orlando, como você avalia o acordo que os servidores tiveram com a Prefeitura?

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Orlando Soares Filho: Dentro da conjuntura econômica que estão atravessando os municípios e os servidores, foi um bom acordo. Não tenho dúvida de que na região da Ammvi e mesmo da Fecam, foram poucos os municípios que conseguiram a proposta de acordo votada em assembleia.

ODV: Ficou em 11,36% ? 

Orlando: Exatamente. O INPC [Índice Nacional de Preços ao Consumidor] ficou em 11,08%, mas a gente conseguiu avançar até o piso nacional do magistério, 11,36%. É uma luta histórica dos professores para que não haja mais o achatamento da carreira. Então, nesse ano, é claro que parcelado – em um primeiro momento vai haver perda –, mas em novembro a gente recupera pelo menos o piso nacional do magistério. Mas ainda sonho com o dia em que a gente vá conseguir revirar essa situação. Então, hoje, a gente continua com o achatamento, mas consigo vislumbrar ainda a possibilidade de um dia conseguirmos valorizar o professor. E se o piso for 11,36%, nós consigamos 13%, 14% ou até 15%. Felizmente, por enquanto, conseguimos estancar o achatamento.

ODV: Qual a sua avaliação sobre este reajuste? 

Orlando: Muito positiva. Estou negociando em Botuverá, nós não conseguimos infelizmente devido ao comprometimento das despesas, frente à receita do município, recuperar toda a inflação. Em Guabiruba, infelizmente, a gente está com zero de proposta. Então a gente está aí com uma assembleia na segunda-feira.

ODV: Num primeiro momento, a proposta não foi aceita.O que aconteceu? 

Orlando: A gente tinha conhecimento e nos mostravam essas mensagens eletrônicas por celular, do que estava ocorrendo nos bastidores. A influência política contra a administração e contra a própria pessoa do dirigente sindical Orlando. Houve toda uma mobilização por trás da assembleia, que fez com que a primeira assembleia fosse contaminada. Transformaram numa assembleia política e tentaram tomar a assembleia. E a gente viu nos bastidores, nos foi informado de que havia até colegas sindicalistas, uma vereadora sindicalista que estava incitando os membros da assembleia contra os próprios membros da comissão de negociação. É a mesma coisa que eu ir num sindicato do comércio e tentar derrubar uma negociação do sindicato do comércio, eu não fazendo parte daquela categoria. E isso foi visível o que aconteceu na primeira assembleia do dia 21, da segunda-feira a noite na Câmara de Vereadores. A gente teve que tomar medidas, fomos com a contraproposta da assembleia para a Prefeitura. Graças a Deus, ela manteve a proposta, porque ela poderia manter a proposta, aceitar a contraproposta, poderia retirar a contraproposta e aí a gente voltaria para a assembleia com uma proposta pior do que a primeira. Foi mantida a proposta. Rechaçaram a contraproposta nossa. Chegou ao ponto de na primeira assembleia de os coordenadores pedagógicos, um grupinho deles – e a gente sabia quem era porque a gente teve acesso ao Whats [WhatsApp], das comunicações do final de semana deles, de que eles rejeitaram uma proposta de aumento de 25% de aumento da gratificação que eles fazem jus, para 30% que nós negociamos, e eles não queriam. Aquele grupinho ali iria comprometer todas as negociações em função de, sei lá, não ir com a cara do presidente do sindicato, não ir com a cara de alguém da comissão. Chegou ao absurdo algumas posições que foram tiradas na assembleia de segunda-feira. Mas felizmente na terça-feira ao meio-dia uma nova assembleia, as pessoas que estavam conscientes que era dentro da realidade do país, hoje, era a proposta que se poderia conseguir, elas vieram na assembleia e ficaram satisfeitos. Um grupo insuflado, de fora para dentro, quase que jogou fora a água da banheira com o bebê dentro. O prazo estava se esgotando e se nós não tivéssemos a condição de conduzir uma assembleia na terça para conduzir o reajuste, hoje estariam mais de três mil pais de família que dependem do salário de professores, chorando por causa de uma inconsequência, por causa de uma assembleia contaminada por ambientes externos, ambientes político-sindicais, e política contra a administração, que não é o caso que nós fizemos. Não somos nem a favor, nem contra a administração. Nós somos um modelo de sindicato de resultado. Se está bom pro servidor, a gente apoia a proposta. Se não está bom pro servidor, a gente não apoia a proposta. A comissão entendeu que foi o que deu de alcançar naquele momento. Diante daquele cenário, queria que as pessoas que fizeram aquela loucura na segunda-feira, botasse a cabeça pra pensar, que elas poderiam ter prejudicado inclusive o meu salário, que eu levo pra casa, além de mais de três mil pais de famílias, por causa de uma inconsequência. Tentaram transformar uma assembleia de negociação, de data base, em uma assembleia política.

ODV: Bom, a única vereadora sindicalista que temos, é a vereadora Marli Leandro. O senhor acusa a vereadora de agir nos bastidores para dificultar a negociação?

Orlando: Infelizmente, é verdade. Eu já falei com o João Decker [presidente do Fórum das Entidades Sindicais], pois não sei como vou sentar na frente dessa vereadora na próxima reunião do fórum sindical. Eu jamais fui no sindicato dela acusar ela, jamais me pronunciei enquanto sindicalista. Agora ela sem conversar com comissão, sem conversar com o presidente do sindicato que estava conduzindo uma assembleia, estava lá ela falando com os agitadores que estavam insuflando a assembleia contra o sindicato. Estava tão ridículo na segunda-feira, que cada vez que a gente tentava explicar uma cláusula, a gente era vaiado. Não tínhamos nem o direito de nos manifestar em assembleia. Felizmente, na terça-feira, tudo que não podemos dizer na segunda, dissemos. E aquelas pessoas que nos vaiaram, tiveram que aceitar. Demos, inclusive, a palavra para ela na terça-feira. A assembleia de terça foi de pessoas honradas e respeitosas. Cada vez que se pronunciavam, ninguém vaiou. Todo mundo deu espaço democrático. Infelizmente, não deram este espaço para a comissão e para o presidente do sindicato na segunda. Cada vez que a gente se pronunciava, tentavam vaiar. A gente sabia que estava acontecendo desde segunda-feira a noite, quando a Prefeitura divulgou que haviam apresentado sua última proposta. Ela publicou na versão online do jornal Município [Dia a Dia] e isso fez com que já na sexta-feira mesmo os Whats [WhatsApp] da vida começassem a agitar em favor do contra. Foi um ambiente que, ao invés de democrático, tentou-se tomar a assembleia. Felizmente, prevaleceu o bom senso e como eu disse antes, espero que as pessoas que tiveram essa tentativa de perturbar o ambiente para não ter negociação, revejam sua posição nas próximas assembleias.

Contraponto

A reportagem do Olhar do Vale entrou em contato com a Assessoria de Imprensa do Sintrivest na semana passada e foi nos prometido que viria um e-mail com a resposta da sindicalista e vereadora para que publicássemos. Apesar de ter entrado em contato na última quarta-feira (23), aguardamos a resposta até hoje (28), coisa que não aconteceu.

por Anderson Vieira

colaborou Wilson Schmidt Junior

 

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