“Uma casa onde todo mundo manda, vira a Casa da Mãe Joana”, diz Paulo Eccel sobre a administração municipal

Paulo Eccel
Paulo Eccel | Foto: Anderson Vieira

Quando se fala em pré-candidatos a prefeito  para as eleições 2020 também é lembrado nos bastidores da política o nome do ex-prefeito de Brusque, Paulo Roberto Eccel, do PT. A indagação é uma só: O ex-prefeito vai disputar mais uma eleição majoritária? Esse e outros assuntos foram abordados na entrevista que começa com uma resposta ao empresário Luciano Hang que citou Eccel em sua entrevista ao Olhar do Vale. Acompanhe:

Olhar do Vale:  Em entrevista ao Olhar do Vale, o empresário Luciano Hang, que também é da diretoria do Hospital Azambuja, afirma que o PT e você nominalmente realizaram a intervenção no Hospital com outras intenções. Ele disse: “Você se lembra que o Paulo Eccel tomou o hospital? Em Cuba lá onde tudo é do Estado, ele foi lá e tomou o hospital para ele ficou lá um ano e aí não viu nada de errado porque não tem recurso. Como é que vai ser roubado onde não tem dinheiro? Como você reage a isso?

Paulo Eccel: Só quero dizer que se ele falou isso, ele vai ter que provar isso na esfera judicial, porque isso é uma leviandade. A população bem lembra o que aconteceu naquele momento com a saúde hospitalar de Brusque. Houve um anuncio público, apesar de a prefeitura estar em negociação com o hospital,  e desde o instante que nós chegamos a prefeitura os incrementos  tinham sidos volumosos dos recursos que a gente passou a repassar. Estávamos em negociação como acontecia anualmente e fomos surpreendidos em uma segunda-feira de manhã com anúncio de que no dia seguinte o hospital fecharia. Fizemos o contato com o Dr. Juarez Piva (advogado) para checar essa informação e ele disse: “Olha Paulo, isso é coisa de empresário, mas não vai dar nada, fica tranquilo”. Para nossa surpresa, não foi o que aconteceu. Foi confirmado o fechamento do hospital, então  eu fiz contato com o Bispo e informei para ele que o hospital não iria fechar, que Brusque não poderia viver sem o hospital, que hospital de Azambuja não atende só Brusque, mas se atendesse só Brusque já seria um absurdo. Falei que se a igreja não tocasse, quem iria tocar seria a prefeitura. A partir do momento que a prefeitura assumiu o hospital e nomeamos o interventor, o Fabiano Amorim, que ficou anos após a intervenção como administrador do Hospital de Azambuja, o hospital teve modificações perceptíveis pela população. Os índices de satisfação com o atendimento com as melhorias que foram introduzidas, foram modificadas. As pesquisas mostravam que os índices melhoravam, a gente ouvia das pessoas, mas o tempo de uma intervenção segundo a lei são seis meses.. Então nós assumimos em junho e ficamos até dezembro, que é o tempo previsto para uma intervenção e ao final houve uma renegociação entre a prefeitura e o hospital e continuamos seguindo com o convênio e para nossa surpresa o interventor que era o Fabiano permaneceu administrando o hospital. Então, é uma leviandade. Se houve de fato essa afirmação, não tem nada a ver com aquilo que aconteceu com o hospital. O hospital progrediu, o hospital melhorou.

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Olhar do Vale: Em relação as eleições 2020. Você é pré-candidato do PT a prefeitura de Brusque?

Paulo Eccel: (Pausa) É o que mais tenho ouvido das pessoas em qualquer lugar que eu estou, essa pergunta. E normalmente eu tenho devolvido a pergunta as pessoas, perguntando o que as pessoas acham, o que as pessoas dizem a respeito disso. A grande parte do retorno que eu tenho recebido é no sentido de fazer comparações. As pessoas comparam os serviços, comparam a cidade, comparam o cuidado, o carinho do nosso tempo com o nosso jeito , o nosso estilo com o que está acontecendo hoje na cidade e eu tenho sido bastante estimulado por parte da população a esse movimento de retorno e, ao mesmo tempo, eu fiquei surpreso, feliz, quando circulou uma pesquisa na cidade me colocando também em uma posição bastante interessante para a disputa do ano que vem. Considerando que efetivamente desde 2015, quando a gente saiu da prefeitura, o meu foco tem sido o meu trabalho, que é o magistério, essa é a minha profissão neste momento. Então, fiquei surpreso com o resultado da pesquisa. Tudo isso vem a reavivar sonhos, ideais. Eu sempre nutri, não escondi isso de ninguém, um dos meus maiores sonhos na esfera política é a questão da gestão municipal, mas assim, as definições elas dependem de uma conjuntura. Elas dependem de definições partidárias, dependem dos apoios, das alianças que possam existir. Então neste momento, é o momento do partido buscar um fortalecimento como a busca de candidatos a vereadores para que a gente possa de fato ter uma chapa fantástica de candidatos a vereadores. O partido e as lideranças partidárias estão buscando diálogo com vários partidos, várias conversas estão ocorrendo. Está todo mundo fazendo isso, então é natural que o meu nome seja lembrado, tanto partidariamente quanto para a cidade. Então a resposta é essa: Estou participando do movimento partidário, das conversas em relação as eleições do ano que vem, mas em nenhum momento tem sido nas conversas que temos feito com os partidos a condição: “Olha, só vamos se o Paulo for o candidato. A gente quer construir um projeto para 2020.

Olhar do Vale: Mas como você afirmou, esse desejo de concorrer a prefeitura novamente você tem…

Paulo Eccel: Estou disponível, mas não é uma condição que eu ou que o PT estamos apresentando para quem quer que seja e diga: “Olha, para a gente disputar, eu tenho que ser o candidato”. Eu sou uma opção. Acho que seria muita empáfia, muita arrogância, se chegasse dessa forma: “Olha, eu só vou contigo se eu estiver sentado na janelinha”. Não existe isso. Eu acho que a cidade está precisando de movimentos de aproximação, não movimentos de repulsa. Eu acho que a cidade perdeu muito com o que viveu de 2015 para cá. Eu falo isso em vários aspectos. Eu falo isso em termos de projetos que estavam prontos na prefeitura quando a gente foi “saído”, que até hoje não saíram do papel, por exemplo o PAC da João Bauer e o PAC da 1º de Maio. Por que essas obras não saíram? Eram importantes no meu tempo. A população reivindicava. Deixaram de ser importantes? De forma alguma. As enchentes são cíclicas. Os alagamentos são anuais principalmente no verão, então nós vamos chegar em mais um verão e essas duas obras importantes sequer saíram do papel. Os convênios estavam encaminhados, tudo aprovado. Se fores recuperar os relatórios que a gente divulgou. Isto estava previsto para estar finalizado ou em 2016 quando era para ser o nosso final de mandato, ou pelo menos a obra em andamento, mas não saiu. Então a cidade perdeu. A unidade de pronto atendimento em frente a Unifebe. A única coisa que a prefeitura fez de lá pra cá foi trocar a cor de uma parte da fachada. Trocou o vermelho o padrão das nossas unidades de saúde pelo azul, mas a unidade continua fechada. Então a cidade perdeu. Semana retrasada eu estava em Penha, no sábado e precisei levar um vizinho para um atendimento imediato , aonde eu fui? Na UPA 24 horas de Penha. Qual é a arrecadação de Penha comparada a Brusque? Lá tem, por que Brusque não pode ter UPA? A cidade perdeu com o que aconteceu em 2015. Eu acho que é chegada a hora de a gente se recompor, buscar projetos, buscar um projeto que possa unir e não afastar. Um projeto que possa aglutinar, um projeto que possa somar para a cidade, um projeto que possa fazer com que Brusque deixe de ser esse marasmo que a gente está vivendo nesse momento.

Olhar do Vale: Com quais partidos você enxerga o PT se aliando nas eleições municipais?

Paulo Eccel: Olha, nós tínhamos dez partidos na nossa aliança no segundo mandato. Eu creio que todos esses partidos é possível que possa haver contatos, conversas, alianças com estes partidos, afinal nós estávamos no mesmo barco, desenvolvendo um projeto comum. As pessoas às vezes me perguntavam: “Como é que era trabalhar com tanto partido?” Eu dizia que é natural que cada partido indicasse as pessoas de acordo com que tivessem de disponibilidade de indicar, mas a diferença é que no nosso governo é que eles não iam fazer individualmente o que o partido queria, porque nós da gestão tínhamos um planejamento estratégico onde todos nós participávamos. Então você chegava lá indicado por um partido, você ia desenvolver o projeto do planejamento estratégico que a gente tinha previsto. Então você não ia lá desenvolver algo que não estava planejado pelo conjunto. Existia uma secretaria onde tinha alguém, a secretária na reta final era a Patrícia Freitas, que era a gestora do planejamento municipal. Então cabia a ela chegar ao secretário e dizer temos previsto para este mês, essas ações. Como estão essas ações. Não colocamos um ponto final na nossa história de gestão. O que aconteceu com a nossa história de gestão foi uma reticência.

Olhar do Vale: Inclusive o MDB?

Paulo Eccel: O MDB estava no governo e uma parte era oposição ao nosso governo. O MDB era membro do governo. O fato de a gente ter uma possibilidade diálogo não significa que a outra parte é obrigada a aceitar, mas eu não vejo nenhum problema de os partidos que estiveram conosco serem os primeiros partidos que a gente possa ter diálogo.

Olhar do Vale: Atualmente, existe uma certa repulsa em relação aos partidos de esquerda. Como você tem visto isso?
Paulo Eccel: Esse foi um movimento que teve seu auge no ano passado nas eleições foram muito difíceis. Esse movimento estava muito forte, mas semana passada houve uma divulgação de uma pesquisa em nível nacional que hoje o partido com maior repulsa é o PSL em segundo é o PT. Então assim, são movimentos, são ondas que acontecem. As ondas levam e as ondas trazem. Então me parecem que com o andamento do governo federal que foi quem estimulou essa coisa de esquerda e direita essa divisão do Brasil em dois lados. Isso naquele momento fortaleceu. Era o discurso dominante, mas a cada pesquisa que é apresentada, o governo federal vem reduzindo seus níveis de aprovação. Os conflitos internos do governo, o modelo de gestão e mais uma pesquisa mostrou que cerca de um milhão de brasileiros caíram para o nível de extrema pobreza, isso faz as pessoas pensarem. Era governo de esquerda, mas naquela época eu tinha emprego e agora é um governo de direita e eu não tenho emprego. Por que aquele governo era ruim? As empresa estavam desenvolvendo e isso tu podes pegar qualquer índice que vai mostrar que nos governos do PT foi o tempo de menor índice de desemprego da história. No último ano da Dilma estava 4 e pouco hoje está mais de 12%. Essa repulsa a esquerda teve o seu pico, mas ela está caindo. Claro que não é algo fácil nem simples o ódio que foi criado em relação ao PT, mas enfim, é essa a realidade eu imagino que até o ano que vem estará bem menor do que está agora.

Olhar do Vale: Qual a sua avaliação sobre a atual administração da cidade?

Paulo Eccel: Eu fiquei bastante tempo sem me manifestar sobre a administração municipal porque eu acho que a gente tem que ter respeito e tem que esperar o governo mostrar resultado, se organizar. Mas, algo que me marcou nesse governo municipal é que é um governo sem comando. É um governo que quem foi eleito o comandante, não comanda. O comando meio que parece estar terceirizado e que está diluído na gestão municipal e em uma casa onde todo mundo manda, vira a Casa da Mãe Joana. Nós temos no governo municipal uma crise de liderança. A gente pouco vê ou pouco via até algumas semanas atrás a presença do prefeito, a manifestação pública do prefeito. Sempre quem fala pela gestão nos releases que a administração manda, o foco nunca foi a manifestação do prefeito e sim do vice prefeito. No modelo administrativo que impera no Brasil, o comando é do prefeito , é do governador, é do presidente, não do vice. O vice é um cargo de espera, de acordo com a constituição. Lógico, pode ter uma gestão compartilhada, mas na visão que a população tem de um governos, ela se espelha naquilo que o gestor faz. Se o gestor só trabalha meio período na prefeitura, se ele só é meio período prefeito, o gestor não se manifesta publicamente sobre o assunto. Que impressão a cidade e a população tem? Não tem gestor, é meio que órfã. Então eu vejo que esse é um dos principais problemas desse governo. A crise de comando. Como não tem comando cada um faz o quer. As secretarias continuam as mesmas do tempo que eu era o prefeito. Olha as primeiras críticas que fizeram. Esse governo iniciou em 2017. Eu sai em 2015, mas as críticas eram direcionadas a mim pelo modelo de secretaria, mas elas continuam. Não tem um secretário, mas tem um diretor geral em comissão. O salário fica quase igual de secretário. Então o formato de gestão era aquele que aprovamos em meados do nosso primeiro mandato. Falaram em reforma administrativa, mas não houve reforma administrativa.

Olhar do Vale: Na próxima eleição poderemos ter um duelo entre ex-prefeitos. Você e Ciro Roza, como você vê a reedição desse confronto?

Paulo Eccel: É da democracia. Com certeza o ex prefeito é uma liderança respeitada na cidade. Se percebe pelo numero de apoios que tem, pelos índices na pesquisa também. Então, ele sendo candidato, ele vai propor um modelo e em eu sendo candidato eu também vou propor um modelo de governo. E é isso que a gente vai apresentar a população. E a população é soberana e ela que vai dizer o que ela acha melhor para aquele momento político. Eu acho que não tem coisa mais bonita que a democracia. E temos que respeitar a decisão da população.

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Jornalista graduado pela Univali em 2003 e pós-graduado em Gestão Estratégia Empresarial (ICPG) e Marketing (Univali). Passou por diversos veículos de comunicação da cidade, principalmente rádio. Desde 2011 atua também com treinamentos na área de oratória. Já treinou políticos, empreendedores, profissionais liberais e pessoas que tinham interesse em dar entrevista na mídia. Em 2014 fundou o Olhar do Vale, portal de notícias de credibilidade na cidade.