“Se nós fôssemos um clube racista, não contrataríamos negros”, afirma André Rezini sobre o caso Celsinho

Vereador exerce o cargo de diretor de futebol no Marreco e relatou que “vem passando dias muito difíceis” após o ocorrido


Durante a sessão ordinária desta terça-feira, 31 de agosto, o vereador André Rezini (Republicanos) falou sobre o fato de um dirigente do Brusque Futebol Clube ter sido acusado pelo jogador Celsinho, do Londrina Esporte Clube, de cometer contra o atleta um ato de racismo durante a partida que as duas equipes disputaram no último sábado, 28, no estádio Augusto Bauer. “O assunto do racismo é muito importante, muito delicado, e nós temos que respeitar”, afirmou o parlamentar ao abrir seu pronunciamento. “A grande maioria dos nossos colaboradores e atletas são negros. Se nós fôssemos um clube racista, não contrataríamos negros. Pelo menos eu entendo assim”, disse o parlamentar, que exerce o cargo de diretor de futebol no Marreco.
Rezini lembrou que, segundo a queixa de Celsinho, alguém na arquibancada teria se dirigido ao jogador dizendo: “Vai cortar esse cabelo de cachopa de abelha”. No entanto, preferiu não discorrer sobre o mérito do xingamento: “Acho que não cabe a mim, mas às pessoas que são estudiosas e entendem do caso para poder julgar”, justificou.
Ele enfatizou ser totalmente contrário a atos de racismo: “Inclusive, os atletas negros que estão fazendo parte do elenco procuraram a mim e aos outros diretores para saber se queríamos que eles falassem alguma coisa, fizessem vídeo, e eu disse que não precisava, porque as pessoas que conhecem a nossa diretoria e, principalmente, a nossa instituição, [sabe que ela] não precisa provar nada pra ninguém”, defendeu. “Depois desse episódio, o clube e todos os seus dirigentes foram colocados na vala comum. Estamos passando dias muito turbulentos, muito difíceis, até na questão familiar”, prosseguiu o edil, que se emocionou ao longo do discurso.
Em aparte, Jean Pirola (PP) se solidarizou com Rezini e o Brusque FC: “Independente do ato que ocorreu, se ocorreu, como ocorreu, não foi o clube que fez isso, não foi o André Rezini ou o Danilo Rezini [pai do vereador] que fizeram, não foram as pessoas que amam aquele clube. Tenho certeza de que o Brusque FC e sua torcida repudiam qualquer tipo de ato de racismo”, ressaltou.
“Tenho grandes amigos negros, enfim, e se for provado na justiça que esse cidadão cometeu algum ato racista, também iremos puni-lo, mas não podemos, antes da justiça julgar e sabermos o que aconteceu, estar colocando todo mundo como racista”, acrescentou Rezini. “Estamos sofrendo grandes represálias, tanto o clube como seus dirigentes, por coisas que nós não somos. Nós não somos racistas. Como eu falei, a grande maioria dos nossos atletas são negros”, reiterou.
Em aparte, Marlina Oliveira Schiessl (PT) também se solidarizou aos transtornos que a situação tem causado à família do parlamentar, mas fez ponderações ao pronunciamento de Rezini. Ela disse que, historicamente, os times de futebol brasileiros são compostos por pessoas negras e que o crime de racismo é um dos mais difíceis de ser comprovado: “Porque as pessoas dizem ‘eu não fiz’, ‘eu não sabia que era racismo’, e as pessoas negras passam toda forma de humilhação em função disso. É uma realidade no nosso país”, concluiu a vereadora.

As notas do Brusque FC
Rezini classificou como “infeliz” a primeira nota emitida sobre o assunto pelo Brusque FC – que deu a entender que Celsinho estaria sendo oportunista e que o jogador “é conhecido por se envolver neste tipo de episódio”. Segundo o vereador, o corpo jurídico do clube teria sido responsável pela ação. “Entendemos e analisamos que realmente foi errado”, admitiu.
Após a repercussão negativa do texto, o clube se posicionou novamente por escrito, desta vez para pedir desculpas a Celsinho e dizer que o posicionamento expresso na primeira nota havia sido equivocado. O Brusque FC informou, ainda, que tomará todas as medidas cabíveis diante do ocorrido e vai apurar os fatos.

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