Santa Catarina já contabiliza 406 mil demissões

Profissional orienta empreendedores sobre o que considerar antes de uma demissão, e colaboradores que perderam seus empregos

emprego Santa Catarina
Foto: Divulgação

Enquanto os números relacionados à Pandemia de Coronavírus (Covid-19) crescem diariamente em Santa Catarina, a economia do Estado já contabiliza inúmeros prejuízos. É o que aponta a pesquisa divulgada esta semana pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). De acordo com o estudo, o número de empresas que estão demitindo segue aumentando e já chega a 34% dos negócios. Até o momento, 406 mil colaboradores foram desligados de seus empregos. Destes, 242 mil de pequenas empresas. 

Em menos de 15 dias desde o primeiro estudo feito em março, o número de demissões subiu 63%. Isso porque a perda de faturamento é irreversível e afeta mais de 90% das empresas. A estimativa do estudo é que os prejuízos, somente dos pequenos negócios, já ultrapassam R$ 9,4 bi, sendo 1,2 bi somente no Vale do Itajaí. Nesta região, 27% das empresas ficaram fechadas temporariamente e 35% permaneceram em atividade, mas com produção reduzida. 

Para Siomara Marquetti, que presta consultoria na área comercial, de marketing e processos, com foco em pequenas empresas, profissionais liberais e autônomos, na região do Vale do Itajaí, é importante destacar que os pequenos negócios são responsáveis por quase 60% dos empregos formais no Estado, bem como, por 37% do Produto Interno Bruto (PIB) catarinense. 

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“Ao analisarmos o cenário atual é preciso considerar que a situação é delicada e desafiadora tanto para o empreendedor, que precisa abrir mão de parte ou de toda a equipe para manter o seu negócio, quanto para o colaborador, que no meio da crise perde sua única fonte de renda. Neste momento, os pequenos precisam de um olhar especial, por meio de linhas de crédito facilitada e consultoria especializada, pois são muito importantes para a economia de Santa Catarina”, avalia.  

A consultora ressalta que não se pode “crucificar” os empreendedores, que são tão vítimas desta crise quanto os funcionários demitidos. “O que sempre orientamos para que seja avaliado, é que demissões podem custar mais caro do que se imagina. Não só pelas restituições a serem pagas, mas pelo preço de, mais tarde, ter que contratar novos profissionais e treiná-los. Por isso, antes de demitir o empreendedor deve avaliar todos os custos da empresa e onde pode haver cortes, negociar dívidas com bancos e fornecedores, verificar a possibilidade de férias ou redução salarial (conforme normas do governo) e implantar o trabalho Home Office nas áreas em que esse modelo for possível”, comenta. 

Siomara recomenda também que os empresários façam uma avaliação do seu mercado, principalmente no que se refere à expectativa de tempo para recuperação. “Para isso, é importante criar um plano para enfrentar a crise e outro para quando a situação começar a normalizar, pois nenhuma crise dura para sempre. É preciso estar atento a novas oportunidades, por exemplo, os pequenos negócios têxteis que migraram sua atuação para a produção de máscaras”, destaca. 

O outro lado da moeda

Se o cenário é desafiador para os empresários, é também para os funcionários demitidos ou na expectativa de um possível desligamento de sua função. Para esses profissionais, a especialista comenta a necessidade de tentar o quanto antes organizar as finanças da casa envolvendo todos os familiares no processo. Outro ponto em destaque, é a importância de aperfeiçoar habilidades comportamentais para enfrentar esse período.

“É importante que todos saibam que ajustes precisarão ser feitos. Mesmo em uma situação como a que enfrentamos agora, o momento de um desligamento pede que o profissional faça uma autoavaliação, para identificar seus pontos fortes e de melhoria. É preciso não perder o equilíbrio e o foco para começar a redesenhar imediatamente a sua carreira. O ideal é não falar mal da empresa que o desligou, não tomar atitudes por impulso e, se possível, buscar ajuda profissional para realinhar objetivos – principalmente se o desejo for mudar de carreira ou abrir o negócio próprio. Crises são ótimas para tirar qualquer um da zona de conforto. Às vezes, o que parece um problema, é na verdade, uma grande oportunidade”, ensina Siomara.

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