Brusque – Quando alguém lhe pergunta se você conhece o Paraguai, do que você lembra? Muitos brasileiros associam a imagem do país vizinho apenas ao setor comercial e as oportunidades de compras próximas à fronteira, entre as cidades de Foz do Iguaçu e a Ciudad del Este, ligadas pela Ponte da Amizade. Entretanto esta não é a única característica do país.
Assim, com o objetivo de desmistificar a imagem associada ao Paraguai e divulgar as oportunidades de negócios no país vizinho, tão desconhecido por empresários locais, e apresentá-lo como uma alternativa de investimentos, o Núcleo de Comércio Exterior da Associação Empresarial de Brusque (ACIBr) realizou na manhã de terça-feira, 19 de julho, o workshop ‘Paraguay, o país das oportunidades’. Ministrado pelo presidente da Braspar/Braspartner, Wagner Enis Weber, e pela advogada da Fischer Advocacia, Maysa Fischer, o evento ocorreu nas dependências da ACIBr e contou com a presença de cerca de 20 pessoas, integrantes do Núcleo e empresários em geral.
Necessidade de conhecimento
A primeira parte da palestra contou com a participação do presidente da Braspar/Braspartner, instituição que tem como objetivo integrar as economias paraguaia e brasileira, promovendo o desenvolvimento harmônico de duas nações irmãs. Na oportunidade Wagner Enis Weber apresentou as principais características do país vizinho, nas áreas econômicas, sociais, políticas, educacionais, de infraestrutura e de tributação, e destacou dois principais aspectos: o potencial de produção do Paraguai e a perda de oportunidades que as empresas brasileiras têm em não vender no país vizinho. “O Paraguai é hoje o país que tem maior potencial manufatureiro da América do Sul, redução de custo, mão de obra, energia elétrica, enfim, há um clima no país que foi preparado para se tornar um grande polo manufatureiro no continente. Além disso, o país é o quinto maior importador de manufaturas do Brasil no mundo e as empresas brasileiras não vendem seus produtos lá, e temos uma estimativa de que as empresas brasileiras perdem cerca de 3 bilhões de dólares por ano em vendas por não estarem no país vizinho”, ressaltou Weber.
Segundo ele, um dos grandes motivos pelos quais os brasileiros perdem grandes oportunidades de investimentos no Paraguai está ligado ao preconceito e a falta de conhecimento das características do país. “O que fazemos, há alguns anos, é com que os brasileiros enxerguem esse país mais do que alguns metros da Ponte da Amizade. Para isso realizamos missões internacionais, rodadas de negócios dos segmentos e levamos empresas daqui para conhecer cases de sucesso de negócios brasileiros que estão lá. Junto com o Peru, o país é o que tem maior rentabilidade das Américas, quase o triplo da do Brasil. Ou seja, a empresa brasileira que busca investir lá, além da redução de custos, também tem um grande ganho de lucratividade”, completou.
Entre as curiosidades sobe o país apresentadas ao público também está a questão cultural,
como a língua alemã, já que o Paraguai possui cerca de 80 mil alemães e quase cem mil pessoas falam o idioma como sua primeira língua em casa. “Há uma grande comunidade germânica lá e muitas empresas daqui da região poderão se sentir em casa, ou seja, a identificação cultural é um dos aspectos que também pode contribuir para essa aproximação”, destacou o presidente da Braspar, que também elogiou a iniciativa do Núcleo e acredita que futuras parcerias possam acontecer. “Parabéns a ACIBr pela louvável abordagem do tema, já que a cidade e a região é uma das mais empreendedoras do Estado e têm grande oportunidade de investir e crescer no Paraguai”, complementou.
Investir para crescer
A segunda parte do encontro foi ministrada pela advogada Maysa Fischer,que atua há mais de 30 anos na gestão jurídica e estratégica de negócios nacionais e internacionais. Ao longo do encontro, a advogada ressaltou o potencial industrial e grandiosidade do mercado de Brusque, e que o Paraguai é um cenário aberto para todos os segmentos da região, bem como possui maior estabilidade econômica para receber investimentos. “O nosso objetivo é expandir. Não queremos desindustrializar as empresas daqui. Queremos que as indústrias tenham mais um momento, em outro país, já que hoje algumas delas não conseguem fazer pólos exportadores no Brasil em virtude da situação econômica e tributária que vivemos”, pontuou.
Atualmente, algumas empresas de Santa Catarina e do Vale do Itajaí possuem parques industriais no Paraguai, mas de acordo com os especialistas ainda há outros setores, como o têxtil, o de plástico, e o metalmecânico, que têm potencial para receber investimentos e até servir como alternativa para a atual retração do mercado brasileiro.
Outro ponto destacado por Maysa foi quanto à burocracia, que costuma ser um grande entrave nas negociações internacionais. Segundo ela, entretanto, o sistema brasileiro é muito mais burocrático do que o paraguaio, em especial quando as empresas daqui fabricam produtos no país vizinho, que posteriormente serão comercializados no Brasil. “O Paraguai hoje tem um cenário econômico e tributário menos grave do que o brasileiro. Portanto não é a burocracia que impede as empresas de se internacionalizarem através do Paraguai, mas é algo que deve ser preparado. O empresário precisa entender que existem trâmites nesse outro país, não tão demorados como os nossos, já que o regime de Maquila é altamente incentivado e o Governo faz o possível para reduzir o tempo de todas as autorizações e licenças que são necessárias. Que cada vez mais os empresários possam conhecer o Paraguai e quem sabe encontrar alternativas para seus negócios, em especial no momento em que o país vive”, acrescentou a palestrante.
Para a coordenadora do Núcleo de Comércio Exterior da ACIBr, Luciane Kormann, a palestra foi enriquecedora, em especial por conta do atual cenário econômico do Brasil e da necessidade dos empresários brasileiros em se reinventar. “O Paraguai surge como uma alternativa para empresas brasileiras, as quais estão cruzando a fronteira na busca de redução dos impostos e sendo surpreendidas com a qualidade dos produtos e menores custos. Não se trata de fechar as empresas aqui, e sim, torná-las mais fortes, terceirizando parte da sua produção e como consequência deixando-as mais competitivas”, opinou.
Saiba mais
As operações de produção compartilhada de bens pela sub-contratação internacional de serviços, são conhecidas como “regime de Maquila”. Tratam-se de investimentos diretos estrangeiros em território paraguaio onde bens e serviços devem ser produzidos para fins de exportação, com benefícios fiscais tanto para os investidores nacionais e estrangeiros.
Inspirada no modelo espanhol, a Maquila surgiu há mais de 15 anos, através de uma lei de incentivo, que prevê isenção de impostos para empresas estrangeiras para importar matéria-prima e maquinários (como uma operação de drawback), onde será aplicado um tributo único de 1% sobre a fatura de exportação quando a mercadoria deixar o Paraguai. Todavia faz-se necessário a exportação do montante de 90% da produção.
Além disso, qualquer pessoa, física ou jurídica, paraguaia ou não, com domicilio no país e que se encontre habilitada para realizar atos de comércio pode requerer a aprovação de um programa de maquila para exportação, com operação em qualquer parte do território do Paraguai. A empresa maquiladora poderá ser constituída por qualquer tipo societário, como por exemplo: sociedade anônima ou sociedade empresária limitada ou como EIRELI – empresa individual de responsabilidade limitada, cujo capital social pode ser 100% (cem por cento) estrangeiro, paraguaio, ou compartilhado como empreendimento conjunto entre os sócios ou acionistas, por formação de joint venture.
por Assessoria de Imprensa
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