Médicos do Hospital Azambuja se manifestam sobre ocorrências no Pronto-Socorro

Em carta corpo clínico pedem mudanças para diminuir demanda de atendimentos no PS.

Foto: divulgação -

O corpo clínico do Hospital Azambuja emitiu uma carta sobre os recentes fatos que aconteceram no pronto socorro do local.

Na carta os médicos manifestam descontentamento e preocupação em relação ao atendimento aos pacientes, e ainda ressaltam que “até 75% dos atendimentos realizados no Pronto-Socorro, não se enquadram na definição de casos que caracterizam urgência e emergência”.

O corpo clínico ainda lista mudanças que devem ser tomadas para que o atendimento fique normalizado.

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Confira à baixo a nota na íntegra:

 

              O Corpo Clínico do Hospital Arquidiocesano Cônsul Carlos Renaux (Hospital Azambuja), através de suas chefias de departamento clínico, vem a público manifestar descontentamento e preocupação com fatos ocorridos e atual situação, no que tange ao atendimento da população. Graves incidentes envolvendo médicos e pacientes, que são do conhecimento público, alertaram para medidas urgentes a serem tomadas, a fim de evitar prejuízo material, físico e moral de médicos e funcionários, pois em algumas ocasiões, houve a necessidade de intervenção policial para solucionar conflitos. Tais situações envolveram pontualmente o Pronto-Socorro, Sala de Parto e Setor Pediátrico, porém feriram a honra e a dignidade da Instituição Hospitalar e quem nela trabalha.

         O Pronto-Socorro tem a finalidade de atender casos de urgência e emergência, que por definição são casos que envolvem risco de vida ou sofrimento extremo, caso não seja feita alguma intervenção imediata. Atualmente ocorre um desvirtuamento da função do Pronto-Socorro, que passou a atender casos de doenças corriqueiras e realização de exames sem a necessária urgência, que atrapalham e até impedem o atendimento dos casos graves a que se destina. A estatística revela que até 75% dos atendimentos realizados no Pronto-Socorro, não se enquadram na definição de casos que caracterizam urgência e emergência e quando os pacientes são confrontados sobre a necessidade de procurarem o serviço médico de urgência, a resposta é unânime, de que não há outro local onde possam ser atendidas suas demandas de saúde. O mesmo pode ser dito sobre o atendimento do setor de Obstetrícia, o qual funciona sempre no limite de sua capacidade e que além da atenção às gestantes em trabalho de parto e sob monitoramento fetal, necessitam atender demandas que seriam corriqueiras e de resolução ambulatorial, fora do âmbito hospitalar.

           Atitudes imediatas devem ser tomadas, antes que fatos mais graves ocorram. Não devemos nos furtar de nossas obrigações, porém o Poder Público, gestor mor dos recursos financeiros destinados à saúde e a sociedade civil organizada, maior beneficiária dos serviços hospitalares oferecidos, devem tomar ciência da crítica situação e conjuntamente procurar soluções.

         Levando em consideração o acima exposto, enumeramos alguns tópicos que devem ser debatidos e então, atitudes imediatas sejam postas em prática:

  • Revisão do modelo assistencial de saúde vigente no Município, possibilitando por exemplo, que as Unidades Básicas de Saúde, localizadas em Bairros, possam oferecer maior resolução das demandas clínicas da população.
  • Retomar o projeto de criação de Unidades de Pronto Atendimento (UPA), diminuindo a necessidade de atendimento hospitalar para casos que não exijam atendimento hospitalar.
  • Criação de um Ambulatório de Ginecologia e Obstetrícia para aliviar a demanda de consultas hospitalares. A demanda exagerada de consultas não urgentes vem sobrecarregando o setor da obstetrícia, obrigando o médico de plantão a dividir a atenção que deveria ser dispensada às pacientes graves e parturientes do dia, com pacientes que poderiam ter seus casos resolvidos ambulatoriamente.
  • Contratação de pediatra para o Pronto Socorro. O atendimento pediátrico em nosso Pronto-Socorro é de um quarto dos atendimentos gerais, sem que haja um pediatra de plantão naquele setor. O pediatra que fica de plantão no hospital tem que prestar atendimento exigido no berçário, sala de parto e pacientes internados, além de realizar pareceres solicitados.

   A solicitação de compreensão e colaboração se faz urgente, para que possamos manter o atendimento de urgência com a dedicação e a qualidade que a nossa população merece.

A carta é assinada por: 

  • Dr. Charles Machado – DIRETOR CLÍNICO
  • Dr. Getulio de Almeida – COORDENADOR DO SERVIÇO DE OBSTETRÍCIA
  • Dr. Gilberto Iwamoto – COORDENADOR DO SERVIÇO DE ORTOPEDIA
  • Dra. Rosely kloser – COORDENADORA DO SERVIÇO DE PEDIATRIA
  • Dr. Ademir Luiz De Nardi – COORDENADOR DO SERVIÇO DE CIRURGIA VASCULAR
  • Dr. Rafael Bernardi Franceschetto – COORDENADOR DO SERVIÇO DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA
  • Dr. Antônio de Pádua dos Santos Lanna – COORDENADOR DO SERVIÇO DE CLÍNICA MÉDICA
  • Dra. Lilly Ana Ainchinger – COORDENADORA DO SERVIÇO DE CIRURGIA GERAL
  • Dr. Gustavo Gumz Correa – COORDENADOR DO SERVIÇO DE RADIOLOGIA
  • Dr. Eugênio José Paiva Maciel – COORDENADOR DA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA
  • Dr. Fabricio Capello Brasil – COORDENADOR DO SERVIÇO DE ANESTESIOLOGIA

 

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