Futuro: Ameaça ou Oportunidade?


Quando da realização do último censo, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE – identificou que 20% dos jovens, entre 18 e 25 anos, não trabalham nem estudam. É o que na Espanha, convencionou-se chamar de geração “ni-ni”,( “ni trabajan, ni estudian”). A Espanha, talvez, até se justifique pela crise porque passa a Europa. O pior é que estes números, no Brasil, estão crescendo: em 2000 eram 18,2% da população dessa faixa etária. Que justificativas buscar para explicar tal comportamento? Bem, tentarei fazer um exercício de análise com alguma concretude e alguns ensaios futurísticos.

O baixo nível da educação brasileira, o desenvolvimento precário da sua economia, a péssima qualidade de nossa infraestrutura, a perversa carga de encargos trabalhistas incidentes sobre os salários, o desalento que toma conta das pessoas formadoras de opinião (por não verem soluções para os problemas existentes, não porque sejam insolúveis, mas sim, pela inércia do poder público) transferem-se para os mais jovens, que se percebem sem futuro no mundo que está sendo criado com alto poder de competitividade. Segundo o sociólogo Domenico de Masi o futuro será assim constituído: “O primeiro mundo vai conservar a supremacia na produção de ideias; os países emergentes produzirão, sobretudo, bens materiais; o terceiro mundo fornecerá matérias-primas e mão-de-obra barata.” E para onde penderá o crescimento econômico? Para os países asiáticos. E a pergunta torna-se inevitável. Por que a Ásia?

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Porque é onde estão ocorrendo os maiores e melhores investimentos em educação. E não estou falando em dinheiro. Estou falando em qualificação de professores, em formação de qualidade, em esforço concentrado, no uso de tecnologias avançadas, mas principalmente, no suor desprendido pelos alunos para buscar os melhores resultados. Sim, estudar faz muito bem! O crescimento da Coreia do Sul, China, Cingapura e, a alguns anos do Japão, nos mostram isto claramente. Estudar é o nome do jogo.

E, o que fazem nossos jovens? Assistem a tudo passivamente, entendendo que o estado, assistencialista e protetor, vai garantir-lhes uma vida plena e cheia de sucesso. Abdicam de estudar, são protegidos pelos órgãos governamentais, que lhes garantem, inclusive, a impunidade quando erram acintosamente. Quem leu, recentemente, reportagem da revista Veja sobre o programa de formação no exterior, decepcionou-se com o juízo de valor feito sobre nossos jovens. Triste e óbvia constatação. Como despertar nos jovens a sanha de lutar que tinha, por exemplo, as gerações que nos antecederam. Que geraram homens do porte de Osvaldo Cruz, Di Cavalcanti, Ruy Barbosa, Villa Lobos, Carlos Lattes, Jorge Amado, entre tantos que nos enchem de orgulho até hoje. Hoje os exemplos são muito pobres e não entusiasmam mais ninguém; exemplos etéreos, que surgem e somem como uma bolha de sabão. Ou alguém ainda se lembra de Michel Teló? Como transformar nossa juventude em realizadora, em contestadora, em criadora do futuro? O futuro que estamos construindo em nosso país tem muito mais de ameaças do que oportunidades; tem muito mais de riscos do que certezas. Ou mobilizamos nossos jovens através desafios concretos ou teremos a continuação de uma juventude omissa e permissiva em que, somente, o prazer importa. Pensemos nisto!

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