Fanny, A Rainha da Cidade encerra o 10º Festival de Inverno de Brusque no aniversário do município

Trama Grupo de Teatro homenageia personagem histórica dia 4 de agosto, no Teatro do Cescb; ingressos estão à venda na Livraria Graf


“Esta cidade pode até ter um prefeito, mas rainha… Só tu, majestade”, exclama o boêmio Amadeu para Fanny ao se ver repreendido pelo bem-sucedido Arnold, empresário com altas pretensões políticas e que, assim como o primeiro, é frequentador assíduo da “casa de tolerância” mais saudosa da Brusque do Século XX. Personagens fictícios, os dois figuram entre os amigos e clientes que a dona da propriedade recebe em “Fanny, A Rainha da Cidade” no próximo dia 4 e agosto, às 19h, no Teatro do Centro Empresarial, Social e Cultural de Brusque (Cescb), para comemorar o aniversário do município que deu a ela o status de realeza. O espetáculo encerra a Mostra Teatral do 10º Festival de Inverno de Brusque. Os ingressos estão à venda na Livraria e Papelaria Graf e com o elenco, a R$ 20 (preço único). A classificação indicativa é de 16 anos.

Obra de ficção baseada na literatura e em relatos orais, a montagem reverencia a memória de Francisca dos Anjos de Lima e Silva Hoerhann, a Fanny, que marcou época e gerações de brusquenses. Tendo como ponto de partida o livro “Fanny, uma vida em perspectiva” (Grupo Uniasselvi, 2010), de Aquiles Duarte de Souza, o trabalho estreou em março, numa temporada de quatro sessões lotadas.

Para a nova apresentação, o Trama conta com o apoio da Prefeitura Municipal de Brusque, através da Fundação Cultural de Brusque e com recursos do Fundo Municipal de Apoio à Cultura; Centro Empresarial, Social e Cultural de Brusque; Beto Pães e Doces; Livraria e Papelaria Graf; Centro de Treinamento Sorjai; Griô Filmes; Renaux View; Rakia – Soluções em Energia Solar; e Raffcom.

Publicidade

Literatura como matéria-prima
“Fanny, A Rainha da Cidade” pretende recuperar memórias, histórias e impressões relacionadas à Dona Fanny, que no século passado esteve à frente de uma famosa casa de prostituição no bairro Santa Terezinha. A despeito da marginalização da atividade, ela quebrou paradigmas, conquistou notório respeito e inegável admiração social. Em “Fanny, uma vida em perspectiva”, carro-chefe das obras literárias estudadas para a criação do espetáculo, Duarte de Souza a descreve como sendo “dona de dignidade ilimitada, dama corajosa, batalhadora” e “uma mulher muito à frente do seu tempo”.

No decorrer do processo criativo, somaram-se à pesquisa o capítulo “A bicicleta da Fanny”, do livro “Pedalando pelo tempo – História da bicicleta em Brusque” (Nova Letra, 2011), de Ricardo José Engel; o capítulo “Quem era Fanny?”, do livro “Histórias e Lendas da Cidade Schneeburg” (S&T Editores, 2009), de Saulo Adami e Tina Rosa; o capítulo “Fanny, a bugra carismática”, do livro “Quando os sinos falavam ao Vale” (Odorizzi, 2009), de Quido Jacob Bauer; o texto “Médico das moças da Fanny”, do livro “Doutor Nica” (DOM, 2012), de Saulo Adami e Jeanine Wandratsch Adami; e trechos do livro “Sentinela do Passado I”, organizado pelo professor Reinaldo Cordeiro, com crônicas de Laércio Knihs (Nova Letra, 2008).

Outras fontes de inspiração foram a reportagem “Francisca dos Anjos, a Fanny, símbolo da independência feminina”, publicada no caderno “Mulheres na História”, do jornal O Município, em março de 2018; a entrevista “Fanny, uma lenda viva de 90 anos”, publicada pelo mesmo periódico em julho de 1990; o artigo “No tempo das bicicletas”, publicado pelo jornal A Voz de Brusque em 2002; a matéria “História de Fanny vira livro”, do blog História de Brusque, de 2011; e a página “Francisca dos Anjos de Lima e Silva”, do site enciclopédia.brusque.sc.gov.br.

Origem indígena
No mês de dezembro passado, o grupo de teatro viajou até a terra indígena Ibirama – La Klãnõ, situada entre os municípios catarinenses de Doutor Pedrinho, Itaiópolis, José Boiteux, Rio Negrinho e Vitor Meireles. Pela margem do rio Hercílio, os atores foram conduzidos por moradores até as ruínas do posto indígena Duque de Caxias, fundado em 1914 por Eduardo de Lima e Silva Hoerhann, sobrinho-bisneto do duque e marido de Fanny nas décadas de 1920 e 1930. Funcionário do antigo Serviço de Proteção aos Índios do governo federal, ele tinha a missão de “pacificar” os povos indígenas ao Sul do Brasil, dos quais fazia parte a jovem Francisca, filha de um índio Xokleng e uma mulher de origem europeia. No mesmo local, à beira do rio, também ficava a casa onde viveram Fanny e Eduardo, destruída pelas inundações causadas pelo represamento de águas na Barragem Norte.

Em Ibirama, o Trama esteve no museu histórico que leva o nome de Eduardo e preserva uniformes, utensílios, armas, imagens e parte da história do “Katangará”, como foi apelidado pelos nativos. No museu, a figura controversa aparece em fotografias acompanhado de Fanny, filhos do casal e índios – aos quais impunha, a mando do Estado, a cultura dos colonizadores.

Sinopse
A casa de tolerância da Fanny vai de vento em popa na Santa Terezinha. Tudo o que ela não espera é retornar da lavadeira com uma notícia de tirar o sossego: algum desavisado esqueceu o pijama em meio aos lençóis de suas moças. O pior é que a peça íntima tem as iniciais do dono caprichosamente grafadas. Mas não há tempo para delongas: hoje é dia de receber amigos e clientes para mais uma noite que vai ficar na história da cidade.

Comentários


Os comentários serão analisados pelo editor do site e podem ser excluídos caso contenham conteúdo discriminatório, calunioso ou difamador. O nosso objetivo é promover a discussão de ideias entre os internautas. Esteja ciente que comentando aqui você assume responsabilidade pela sua opinião.