Ex-pároco de Guabiruba é o novo Diretor do Colégio e Faculdade São Luiz

Padre Silvano João da Costa, scj. Foto: Olhar do Vale

O ex-pároco da Paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, de Guabiruba, Padre Silvano João da Costa, da Congregação Sagrado Coração de Jesus , de 45 anos, assumiu recentemente a direção do Colégio e Faculdade São Luiz de Brusque.

Padre há 16 anos, o sacerdote possui graduação em Teologia e Filosofia, especialização em Teologia Pastoral e em Psicopedagogia. O padre também é mestre em Educação pela Univali. Ele dirigiu a Paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro de 2015 a 2019. Padre Silvano recebeu a reportagem do Olhar do Vale para uma entrevista. Entre vários assuntos ele destacou como recebeu o convite para assumir a direção das instituições e avaliou o momento que a educação vive perante a pandemia. Confira:


Olhar do Vale: Como o senhor chegou a direção do colégio e da faculdade?

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Padre Silvano: Ambos pertencem a Congregação dos Padres do Sagrado Coração de Jesus. Congregação esta que eu faço parte como padre. Na Congregação temos diversas atividades como: A paróquia São Luiz Gonzaga e a Casa Padre Dehon. Também temos esta educacional tão respeitada há 117 anos que é o Colégio São Luiz e a Faculdade. Sempre a frente das nossas obras tem alguém vinculado a congregação, no caso os padres ou irmãos religiosos desta congregação. No final de 2019 fui convidado pelo então superior da nossa província que corresponde ao sul do Brasil para estar a frente dessa obra São Luiz. É um desafio grande, mas desde que me ordenei sacerdote, me coloquei à disposição para os serviços que a congregação acha que eu posso assumir. Se houve o convite, houve também por parte do superior a certeza que eu estaria dando conta dessa responsabilidade. Vim para cá, primeiro por conhecer já Brusque desde 2006. Tenho muitos amigos aqui, pessoas boníssimas da nossa cidade, então isso me inclinou a dizer sim; o amor a educação, sempre fui um apaixonado pela educação e vejo aqui a esperança de um mundo melhor e dar a minha contribuição, de fazer a minha parte. Já que a educação é algo tão importante na minha vida, talvez Deus deu por este convite, a oportunidade de poder estar fazendo a diferença e somando forças naquilo que eu acredito que é a educação.


Olhar do Vale: Quais são suas ideias para o Colégio e para a Faculdade?

Padre Silvano: Nesse primeiro momento, que é de pandemia, eu assumo o Colégio e a Faculdade em um momento diferente dos outros enquanto sociedade. Como as pessoas mesmo dizem, mesmo fora do âmbito educacional, “cada dia é cada dia que se vive”, porque a pandemia, muitas vezes, nos leva a não cumprir com o planejado. Mas, uma das coisas primeiramente é a confiança em Deus. Como padre e como instituição confessional, não podemos deixar Deus de lado, temos que confiar plenamente em Deus, respeitando todas as denominações religiosas e aqueles que também não creem. Segundo: O diretor sozinho não faz a obra acontecer. Tem pessoas muito bem preparadas aqui, sabe? Os professores. Eu fico pensando só nessa pandemia, a nossa linha de frente que está junto com os nossos alunos. É louvável. Nossos professores, desde a educação infantil ao ensino superior, os nossos coordenadores que não medem esforços, imagina coordenar todas aquelas aulas remotas. A gente tem a visão de rede, aonde o diretor tem uma função e uma responsabilidade, mas essa função está pareada com aquele professor, lá da educação infantil ou do ensino superior, ou aquela pessoa do administrativo que se não cumprir com a sua função o todo sofre. São Paulo vai dizer muito bem isso: “Somos um só corpo”, temos um colégio, mas temos várias funções e as pessoas assumem essas funções. Se alguém da coordenação não vai bem, o todo sofre. Eu não quero fazer uma direção centralizada, mas colegiada. O terceiro ponto é o diálogo, a conversa. O momento da pandemia nos ensina a intensificar esse diálogo, seja com os pais, seja com alunos, seja com os professores. Estou mais de um mês, estou buscando conversar com todos. O diálogo é fundamental. Eu sempre digo que todo mundo tem algo a oferecer, a acrescentar. Essa abertura , daquilo que é possível dizer sim ou não , como uma família. O quarto quesito é a comunicação. O Colégio São Luiz tem muito a comunicar. Tem muitas coisas que são realizadas pelas pessoas que aqui trabalham e não são divulgadas. Como é bom quando a gente pode comunicar para a nossa cidade algo que nos dá orgulho. Eu vejo que isso é um ponto importante. Vamos consolidar sempre Colégio e Faculdade São Luiz. A Faculdade hoje tem dois cursos, que é o de filosofia e o de administração. Queremos com essa gestão também continuar valorizando o ensino superior. Pegue um curso de filosofia, como tem coisas a acrescentar a nossa sociedade, um pensamento crítico, criativo, que sai do senso comum. O curso de administração , os órgão reguladores do Ministério da Educação estiveram aqui e ganhamos nota cinco (nota máxima), nos dá uma alegria muito grande e isso nos dá uma alegria muito grande de contribuir com a sociedade.


Olhar do Vale: Em relação a pandemia, qual a sua visão do ponto de vista da educação?

Pade Silvano: Bom, do ponto de vista educacional, a pandemia veio nos trazer uma mudança. Eu acho que em toda a sociedade, até eu rio um pouco, o celular sempre foi proibido em sala de aula e daqui a pouco aquilo que era proibido se tornou obrigatório para se comunicar e sem o celular e sem o notebook fica impossível a educação. Então, a educação teve que se reinventar naquilo que é não só de transmissão de conteúdo, mas também nas habilidades e competências da busca de conhecimento e os meios para que esse conhecimento chegasse. É o que era motivo de medo, receio, se tornou durante a pandemia algo obrigatório. Ou se educa através desses equipamentos, ou não há como fazer. O individuo enquanto professor, o aluno , a administração, pois nunca alguém imaginou que isso poderia acontecer, tiveram que se reinventar. Tem até uma frase que diz: “A gente só dá valor quando perde” e quando a gente perdeu a presença do aluno na escola, a gente começou a valorizar o toque, o rosto, o olhar, desse aluno. Os professores sentem saudade dos alunos. Outro ponto, foi a família. Hoje tem pais que estão junto dos alunos nos ambientes virtuais. Os pais também tiveram que se reinventar. Essa adaptação também trouxe uma aproximação da família ao ambiente escolar. O ponto negativo é a falta do afeto, do olhar, do sorriso do aluno. Andar por esse pátio com esse silêncio é perceber que estamos querendo fazer o melhor, por mais que você faça sempre vai ficar devendo, porque a presença do aluno é algo insubstituível na educação.

Olhar do Vale: E do ponto de vista espiritual? Como o senhor encara essa pandemia?

Padre Silvano: Do ponto de vista espiritual eu vejo que primeiro: todas as vezes que alguém tenta entender Deus pela sua racionalidade simplesmente, a gente estraga Deus. É igual aquele botão de rosa que alguém tenta manualmente abrir: estraga. Deus tem os seus mistérios e vivenciar esses mistérios, eu creio que seja uma opção correta. Perceber Deus em meio a esta pandemia. E essa é a reflexão que eu faço: Aonde está Deus? Como Deus se encontra na minha vida em meio a sociedade? E aqui eu confesso para você que eu me alegro muito quando eu posso ver que a ciência e a fé podem caminhar juntas, por exemplo na busca de uma vacina, na busca de uma cura. E daqui a pouco a gente escuta: Graças a Deus, daqui a pouco a gente vê , a ciência aqui ta difícil mas tem algo que me dá esperança, tem algo que me impulsiona. Veja todas essas questões que a pandemia trouxe, de distanciamento social, de o ser humano olhar a sua condição não simplesmente de um homem que produz, que é valorizado por aquilo que faz, mas quando nós tivemos aquele distanciamento social em que tivemos que ficar com as nossas famílias , o ser humano olhar e perceber. O vírus pode fazer isso. Quem é o ser humano? O que somos nós nesse mundo? A nossa pequenez , mas de repente perceber que a nossa alma, a grandeza que temos e de onde vem essa grandeza: De um um Ser Criador, de um Deus, que nós possamos elevar esse pensamento em ações sociais. Quanto de Deus a gente vê no semelhante? Agora, os encontros virtuais são: O que temos para partilhar? O mundo em que nós estamos é um sistemas que por mais que não queiramos, somos levados por esse sistema e somos um sistema em que o ter é mais do que o ser. Com a pandemia, nós percebemos a miséria do ter e quão é grandioso o ser. Quem estava habituado somente a pensar no ter, ele , nessa pandemia, sofreu muito. Eu fui chamado a ser presença na minha casa , na minha vida. Eu vejo Deus falando isto. É muito fácil reconhecer Deus dentro da igreja, agora reconhecer Deus nos fatos e acontecimentos, que essa é a pergunta que você me fez, é viver esse Deus e perceber que Deus não quer o sofrimento. Deus não quis o sofrimento do seu filho, mas ele tirou ele da cruz com a ressurreição, assim é a nossa pandemia. É a fragilidade humana que está aí, mas de um Deus que está conosco. Um Deus que faz não perdermos a esperança e a fé. Um Deus que faz a gente repensar a nossa condição humana, afinal não somos deuses. Um vírus é capaz de nos derrubar e derrubar não só uma pessoa, mas uma civilização. Temos um Deus capaz de dizer: “eu caminho contigo”. Para mim Deus está muito presente nisso tudo, na solidariedade, um gesto bonito, pessoas que se ajudam, pessoas que tem compaixão com outro. Quando vimos gente aplaudindo pessoas que saem recuperados do hospital, a gente está sendo solidário na alegria. O que se via antes da pandemia? Eu tinha raiva quando o outro tinha sucesso.


Olhar do Vale: Qual a sua expectativa em relação a esse novo desafio, que é a direção do Colégio e Faculdade?


Padre Silvano:
A gente está na expectativa quanto aos decretos e como vai ser. Nós temos um decreto que nos diz que no dia 8 de setembro poderemos voltar com as aulas presenciais. Nós estamos na expectativa na confirmação ou não deste decreto. Um pouco de insegurança, porque por mais que nós tenhamos um protocolo e aqui eu gostaria de deixar claro que o São Luiz tem um protocolo de saúde , nós temos uma parceria com uma empresa de limpeza. Queremos dar 100% de segurança no retorno das aulas com todo o protocolo com o uso de álcool em gel e máscaras e também o distanciamento social na sala de aula. Tudo aquilo que é necessário, ou o decreto nos permitir, ou até mais. Começar com pequenos grupos, vamos implantando o protocolo. Tem a questão emocional, no acolhimento. Nós estamos tomando todo cuidado e queremos continuar sendo referência em ensino no virtual. Mesmo que o pai não se sinta seguro em trazer seu filho, o conteúdo estará alinhado de forma virtual. Que possamos estar seguro neste ambiente. De qualquer forma, as minhas expectativas são as melhores possíveis. Temos uma equipe capacitada que, independente do que ficar estabelecido, nós estaremos acolhendo com segurança, mas também tendo a certeza da prudência e tentando minimizar o máximo possível o impacto de qualquer decisão.
Eu tenho um grande sonho aqui, é que a gente se torne uma família, sabe? Em que a gente consiga construir laços para além de laços de funções, mas laços de pertencimento. Que o aluno e o nosso professor, nosso colaborador possa dizer eu sou da família São Luiz. Esse é o meu sonho maior.

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