Entrevista Exclusiva: “A gente sente que o médico se afastou da cooperativa”, afirma Eto

O Diretor-Presidente eleito da Unimed Brusque, o urologista Humberto Teruo Eto, fala que quer a valorização do médico e também se posiciona sobre o Kit Covid distribuído na gestão anterior da instituição.

Unimed Brusque

O urologista Humberto Teruo Eto, de 52 anos, terá um grande desafio pela frente. Ele foi eleito recentemente como Diretor-Presidente da Unimed Brusque. Líder da chapa de oposição, desbancou a situação que estava há 17 anos no comando da cooperativa por 82 votos a 53. Afiliado a Unimed desde 1997, o médico se cooperou dois meses após a fundação da cooperativa.

É a primeira vez que ele ocupa o cargo e tem a missão de comandar a instituição por três anos. A Unimed Brusque abrange os municípios de Brusque, Guabiruba, Botuverá, Canelinha, São João Batista, Major Gercino e Nova Trento.


O médico recebeu a reportagem do Olhar do Vale para uma entrevista e abriu o jogo sobre a sua eleição e o que pensa para o futuro da entidade. Confira:

Publicidade


Olhar do Vale: Como recebeu o convite para se candidatar à presidência da Unimed?

Dr Humberto: Eu fazia parte do Sindicato dos médicos e quase todos que foram eleitos para Unimed se conheceram no sindicato, montamos uma chapa e fomos eleitos para a diretoria do Sindicato em 2018. Com várias ações que a gente fez em defesa dos médicos, neste período curto mas com muito trabalho junto ao Sindicato, a gente percebeu que poderia ser feito mais também pela nossa cooperativa. Quando a agora ex-diretoria da Unimed colocou em assembleia o projeto de construção de um hospital, a maioria dos médicos era contra, só que isso não foi levado em conta pelos dirigentes. Hoje nós temos uma carteira de clientes até que relativamente boa para a nossa região, mas que não comportaria um hospital. Então, a maioria dos médicos foi contra, porque seria um investimento altíssimo com um gasto fixo altíssimo para um resultado que a gente estava temeroso. Então, foi levado para votação em assembleia, em novembro do ano passado, e a construção do hospital não passou. Foi aí que a diretoria anterior perdeu força, justamente por não ouvir os cooperados.


Olhar do Vale: Quais as ideias para a sua gestão?

Dr. Humberto: Nossa, nós temos muitas ideias. O mais importante, que foi o mote da nossa campanha, é de ter o cooperado como foco principal da cooperativa. Não só do ponto de vista financeiro, mas dar suporte para o médico. A gente sente que o médico se afastou da cooperativa. Então nós temos que trazer-los de volta, integrá-los a cooperativa. Isso não era uma coisa essencial nas últimas gestões. Outra ideia também é diminuir o intercâmbio, que são as pessoas que moram aqui e vão fazer consultas e cirurgias em outras cidades. Isso para a cooperativa não é bom, são recursos que saem da cidade. Vamos criar um sistema para fazer um marketing do nosso cooperado, porque as vezes a pessoa sai da cidade achando que não tem aquela área de especialidade, teremos também que valorizar o trabalho médico.O aumento do número de clientes também é essencial.


Olhar do Vale: Haverá alguma modificação em relação aos planos de saúde, de modo que a instituição tenha um incremento na carteira de clientes?

Dr Humberto: Existem alguns tipos de planos empresariais, principalmente para empresas com mais de 30 pessoas, que se tornam mais acessíveis. Oferecendo planos mais acessíveis acreditamos que conseguiremos aumentar mais ainda o número da carteira de usuários. É uma das metas que, se Deus quiser, a gente vai chegar lá.

Quanto representa em números a carteira de clientes hoje da Unimed?

Dr. Humberto: Eu não gosto de falar em números, é um assunto interno. Nós temos que aumentar.


Olhar do Vale. A gestão passada distribuiu o chamado Kit Covid aos médicos cooperados Qual a sua opinião sobre esse kit?

Dr Humberto: O tratamento da Covid tem que ser feito precocemente. Hoje em dia, quanto a isso não existe dúvida. Agora, usar preventivamente, eu sou contra. Usar sem ter a doença, causou uma procura exagerada pelo medicamento. Essa procura desenfreada levou o Ministério da Saúde a bloquear a venda sem receita médica.O Ministério da Saúde soltou uma portaria impedindo a venda sem receita, porque começou a faltar para quem precisava. Para quem já estava doente. Alem disso o grande problema quanto a profilaxia é que não existe nenhum trabalho cientifico sério comprovando que a prevenção com medicamentos funciona.


Olhar do Vale: A gente vê notícias em relação ao SUS em todo o Brasil e Brusque também enfrenta filas. A pessoa que compra um plano se saúde, que teoricamente teria um atendimento prioritário, também passa por filas, também passa por situações de espera. O senhor comentou que o objetivo também é aumentar a carteira de clientes, mas como também dar um atendimento prioritário, para quem paga?

Dr Humberto: Então… a ideia passa pela valorização do cooperado. Se a gente conseguir valorizar o trabalho médico e integrar o médico à cooperativa, para que ele entenda que a cooperativa é dele e não apenas uma outra fonte de renda, então eu acho que a gente consiga isso. Nos deixaram com uma grande oportunidade, uma porta aberta para melhorar o relacionamento do médico com a cooperativa para que ele entenda que se ele deixa de atender um paciente, porque tem outro que paga igual ou um pouco melhor, talvez isso não seja a melhor coisa a longo prazo. O atendimento tem que ser igual. Não pode ter diferença nem na marcação nem na qualidade do atendimento.

Comentários


Os comentários serão analisados pelo editor do site e podem ser excluídos caso contenham conteúdo discriminatório, calunioso ou difamador. O nosso objetivo é promover a discussão de ideias entre os internautas. Esteja ciente que comentando aqui você assume responsabilidade pela sua opinião.