De geração para geração: Conheça a história de dois agricultores de Botuverá

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Hoje, dia 28 de julho de 2020, comemora-se o dia do agricultor. A data foi instituída para lembrar a criação do Ministério da Agricultura no governo Juscelino Kubitschek, em 1960. A base econômica do município de Botuverá até o ínicio dos 90 sempre foi a agricultura.

Desde os primeiros anos de sua fundação, com os primeiros colonizadores, a produção econômica da madeira e garimpo de ouro; agricultura comercial, voltada para a monocultura do fumo; e economia diversificada com base na agricultura comercial e na indústria, sempre foram a principal fonte de renda de nossa população. Devido ao tamanho das propriedades rurais, média de 25 ha. (hectare), o relevo acidentado que não permite o uso, em grande escala de máquinas agrícolas, Botuverá ainda desenvolve uma agricultura familiar com características de subsistência com o cultivo do milho, arroz sequeiro, aipim, batatas, cana-de-açucar e outros produtos.

Várias pessoas do município, inclusive o prefeito da cidade, José Luiz Colombi, trabalharam no cultivo com seus pais, no caso dele foi o fumo.

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Neste contexto, o Olhar do Vale conheceu Isaia José Pedrini, de 72 anos, pai de três filhos e avô de quatro netos. Ele atua na agricultura até hoje como produtor de cultura de subsistência, tais como Batata doce, aipim, milho, feijão, queijo, nata e manteiga. Seu Isaia tem também uma granja para a produção de ovos e o filho Eder tem parreira de uva para produção de vinhos.

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Na foto, Isaia e os netos

Pedrini, iniciou sua vida de de agricultor quando criança, aos 6 anos, acompanhando seus pais no cultivo da roça. Casou com Maria Josefina Maestri Pedrini ( já falecida) e tiveram três filhos: Tânia, Eder, Tatiani. Os filhos são casados e permanecem morando na propriedade. O filho Eder é o braço direito de Isaia em todos os afazeres e segue seus passos como agricultor. Os demais ajudam sempre que possível na propriedade.

O agricultor tem 4 netos: Carlos Eduardo, Pietro, Matteo e Vinycius, “São uma alegria na casa e sempre que tem oportunidade, assim como fiz com meus filhos, ensino os netos a importância de ser agricultor, os benefícios de uma alimentação saudável cultivando produtos naturais e o amor e cuidado que devemos ter pelos animais e pela natureza”, afirma o agricultor que agora passa para os netos o conhecimento da roça.

Do fumo a madeira

Moacir Luiz Maestri

O Olhar do Vale teve a oportunidade de conhecer outro agricultor da cidade. Trata-se de Moacir Luiz Maestri, de 57 anos. Assim, como Seu Isaia, recebeu o ensinamento da roça na plantação e colheita do fumo, ao lado de seus 11 irmãos. Ainda criança.

Eram momentos difíceis. “Nós tínhamos cinco vacas leiteira. A mãe fazia queijo para gente e nós consumíamos o leite, o restante a mãe trocava por comida”, relembra.

Aos nove anos ele já lidava com cavalos. E largou os estudos para ajudar o pai na roça na plantação e colheita de fumo. Seu pai, já falecido, cultivou fumo por aproximadamente 45 anos.

Ele conta que em 1986, ano que seu pai começou a ficar doente, aonde passou a administrar a propriedade da família. “Tinha umas estufas modernas e a nossa já era bem atinga e aí comecei a administrar e plantar o fumo por 25, 30 anos. Como o fumo não estava mais sendo rentável por volta de 1995. Ai eu ia fazendo uns bicos, tirava umas madeiras e iam entregando uns pedidos de madeira. Eu serrava e vendia. E comecei a fazer esse tipo de trabalho”, explica.

No ramo de madeiras, com ajuda do irmão, legalizou sua empresa e começou a comprar madeira do Norte do Brasil e começou o beneficiamento de madeiras e definitivamente deixou a produção de fumo.

Hoje, atua o extração de eucalipto para produção de cavacos, que é um derivado do tronco da árvore interessante para a indústria. São pequenos pedaços resultantes de uma trituração. Neste ofício, Moacir está a 11 anos.

De acordo com Moacir, a sobrevivência hoje dos colonos que saíram da plantação do fumo, foi a plantação de eucalipto. Estes colonos são fornecedores da empresa de Moacir.

Da época de agricultura, seu Moacir só tem lembranças boas. “Olha, dinheiro a gente não tinha, a gente só trabalhava, mal, mal dava para comida, mas a gente era feliz. O meu pai era muito alegre. Hoje em dia a gente tem tudo, mas parece que falta alguma coisa”, finaliza.

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