Caso Cristiano Araújo e Allana Moraes: um exemplo de uma cultura que precisa mudar

Foto: divulgação PRF -

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Brusque – A morte do cantor sertanejo Cristiano Araújo e de sua namorada Allana Coelho Pinto de Moraes, ocorrida na manhã desta quarta-feira (24) após um acidente automobilístico na BR 153, em Goiás, parou o Brasil. Figura pública que era, o passamento do musicista fez milhões de pessoas acompanharem perplexas os desdobramentos das informações sobre o capotamento da Range Rover onde ele, Allana e mais duas pessoas se encontravam.

Como Araújo e sua companheira foram lançados para fora do veículo de luxo, avaliado em R$ 408 mil, tudo leva a crer – de acordo com os mais variados especialistas em engenharia automobilística – que ambos estavam sem os seus cintos de segurança. A importância do equipamento de proteção se sobrepõe, inclusive, a dos sete airbags existentes no modelo veicular que o cantor possuía. E isso foi provado da maneira mais trágica possível.

De maneira semelhante às personalidades, cerca de outras 30 mil pessoas acabam morrendo nas estradas brasileiras, simplesmente pelo descuido de não utilizar o cinto de segurança, talvez por desatenção ou, então, por achar que nunca será vítima da probabilidade de perder a vida em acidente de trânsito. Os dados estatísticos acima foram repassados pelo major PM Otávio Manuel Ferreira, comandante do setor de trânsito do 18º Batalhão de Polícia Militar (18º BPM), em entrevista concedida a Olhar do Vale (ODV) nesta tarde.

Foto: Wilson Schmidt Junior
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De acordo com o oficial, é preciso mudar a cultura existente atualmente, aonde o cinto é um apetrecho que deve ser utilizado apenas para não se tomar multas. “Hoje não existe o cuidado com a sua integridade física, com a sua saúde e, sim, com o bolso. A vida não tem preço. Mas as pessoas só percebem isso quando as vezes é tarde demais. Não tenho problemas em dizer que se todas as pessoas usassem o cinto de segurança, tanto no banco da frente como no banco de trás; e se todos os motociclistas fechassem bem a cinta jugular, garanto que, de um ano para outro, baixaríamos, no mínimo, 50% dos nossos óbitos”, afirmou o policial militar.

Otávio citou o ano de 2014 em Brusque, onde aproximadamente oito acidentes de trânsito envolvendo carros resultaram em vítimas lesionadas fatalmente. Ele afirma com segurança que a maioria dessas mortes poderiam ser evitadas com o simples clique do cinto. “De repente com algum tipo de sequela de pequeno ou grande porte, mas estariam vivas”. Para ilustrar a sua tese, o militar lembrou um acidente ocorrido em julho de 2014, quando um Celta acarrou despencando do morro do observatório, na região do Mont Serrat, em Brusque. Uma jovem de 20 anos acabou morrendo depois de ser lançada para fora do veículo, que acabou lhe esmagando. Já os dois homens que estavam no veículo, sequer foram levados para o hospital, já que nada sofreram. “Temos que começar a analisar com senso crítico os vários acidentes que acontecem. Quem sai ferido, quem não sai e o porque disso tudo. Exemplos não faltam. Basta a gente querer enxergar a realidade.

Fiscalização

Visto com maus olhos por muitos, a Polícia Militar de Brusque faz um trabalho bastante intensificado no quesito fiscalização. Por própria orientação do major, os policiais quando estão em blitze, fazem um verdadeiro pente fino nos motoristas e passageiros de veículos, buscando encontrar pessoas sem cinto de segurança. Apenas em 2014, foram mais de 2200 multas aplicadas para desobedientes da legislação de trânsito que insistem em andar desprotegidos. E para quem comete tal deslize, a dor é no bolso. R$ 127, mais cinco pontos na Carteira Nacional de Habilitação, já que a penalidade é considerada grave.

“Na maioria das vezes saem criticando o policial e a própria Polícia, mas não para analisar o bem que a PM está fazendo naquele contexto. Eu aplico com rigor, sem medo e sem piedade, até porque sei do bem que estou fazendo quando lavro aquela infração pelo não uso do cinto ou da cinta jugular (…) eu diria que é pouco ainda. Deveria ser uma multa multiplicada por cinco, por dez. Deveria ser tratado com mais rigor”, finalizou.

Caso você seja um dos que por descuido ou mesmo por ignorar o risco, não utilizam o cinto de segurança, esta reportagem mudou a sua ideia de pensar?

por Wilson Schmidt Junior

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