“Aqui nós desativamos, no Rio Grande do Sul nós fechamos quatro escolas”, afirma coordenadora nacional da rede CNEC


Foto: divulgação –

A notícia que pegou todo mundo de surpresa durante o dia de hoje (28) foi a decisão da direção da Campanha Nacional de Escolas da Comunidade (CNEC) de interromper as atividades do Colégio Cenecista Honório Miranda de Brusque, instituição fundada há 54 anos na cidade. A reportagem do Olhar do Vale conversou por telefone com a Coordenadora Nacional da Educação Básica e Superior da CNEC, a catarinense Maria Helena Krieger. Ela explicou a decisão da rede de desativar o Honório Miranda. Acompanhe a entrevista:

Olhar do Vale: O que levou o Honório Miranda a chegar em uma situação como essa, de desativação?

Maria Krieger:  São várias questões.  O governo tem um programa que beneficia as escolas públicas onde esses alunos já tem cota pra entrar em universidades públicas e isso efetivamente tem uma transferência muito grande de alunos de escolas particulares para escolas públicas. Isso desde o princípio já diminuiu o número de alunos no ensino médio. Isso já é um contexto, depois uma crise muito grande que já vem acontecendo ao longo dos anos.  As famílias com menos recursos e neste contexto atual, com famílias desempregadas, buscam escolas gratuitas. Ao longo do ano a gente vai ver muitas ocorrências disso. As escolas tem feito malabarismos para poder se sustentar financeiramente devido a essa transferência dos alunos das escolas particulares para as públicas.

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Nós estamos há 54 anos no município de Brusque, que é  uma comunidade que sempre nos acolheu e sempre tivemos o apoio da sociedade e ao longo dos anos a nossa instituição foi perdendo o número de alunos, ao ponto de neste ano nós não termos o número de alunos suficiente para dar o mínimo de sustentabilidade para a oferta da educação básica no município.

Não há condição de manter a estrutura do colégio muito menos  o pagamento do corpo docente, dos técnicos da instituição.  Além do número muito reduzido de alunos, metade desses alunos são bolsistas, então é menos da metade de alunos para dar sustentabilidade. Nesse sentido, nós, naquilo que nos obriga, inclusive em contrato de relação de oferta, a gente ontem a noite comunicou por e-mail e telefone às famílias chamando-as para uma reunião na próxima sexta-feira as 19h para fazer o encaminhamento desta desativação. A desativação não enseja fechamento. Nós vamos desativar a oferta. A mantenedora em Brasília já está fazendo todos os procedimentos junto aos órgãos reguladores para desativar no ano de 2016 visando resignificar a nossa participação na sociedade de Brusque abrindo a escola com novos encaminhamentos, novas ofertas e novos procedimentos em metologias pedagógicas mais atualizadas na preocupação com os nossos alunos. Nós já estamos contactando com as excelentes escolas de Brusque para recepcionar estes nossos alunos. Nenhum momento nós pensamos em fechar. Há uma necessidade prêemente de resignificar a nossa instituição em Brusque e inclusive da educação de Brusque.

Olhar do Vale: Haverá  funcionários trabalhando no colégio neste período?

Maria Krieger: Sempre que há desativação você precisa manter alguém na instituição, uma secretaria porque as escolas tem um cartório. Assim como tem um cartório quando a gente nasce, nós temos um registro da nossa vida escolar e acadêmica num cartório chamado secretaria. Estes documentos tem uma guarda permanente por 100 anos.  Então nesta desativação nós vamos manter uma estrutura mínima para garantir isso, todos esses encaminhamentos e tudo dentro do que a legalidade caminha.

Olhar do Vale:Por quanto tempo esta desativação  deve ocorrer?

Maria Krieger: Nós primeiro estamos organizando  com a nova direção todo o trabalho, porque isso não acontece especificamente no município de Brusque . A rede CNEC tem 170 instituições, de Manaus ao Rio Grande do Sul e muitas de nossas instituições estão passando por essa reestruturação.  Nós temos o sistema de ensino muito atualizado. As nossas crianças entram com todo o processo de aprendizado cognitivo totalmente diferenciado. A gente precisa em nível de Brasil repensar a educação básica, a educação superior. É impossível as escolas oferecerem educação hoje como era no século 17.  E essa mudança requer planejamento.  A príncipio nosso marco de início para as grandes mudanças da Rede CNEC é 2016.

Olhar do Vale: Como vai funcionar o ressarcimento dos pais que já arcaram com as matrículas de seus filhos?

 Maria Krieger: Tudo isso os pais irão receber é óbvio e nessas negociações das escolas que eu te falei , a gente já está buscando esse acordo para que os alunos se transfiram sem nenhum custo, se possível pelo menos um desconto neste primeiro ano.

Olhar do Vale: Em mais algum município de Santa Catarina a rede deve desativar mais alguma unidade?

Maria Krieger: Essa é a primeira desativação mas  em municípios no Rio Grande do Sul nós não desativamos, nós fechamos quatro instituições. Em Santa Catarina nós não estamos fechando.

 

 

 

 

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