AMA Brusque solicita apoio da Câmara para conseguir sede própria e atender gratuitamente crianças autistas


A presidente da Associação de Pais, Amigos e Profissionais dos Autistas de Brusque (AMA Brusque), jornalista Guédria Motta, ocupou a tribuna da Câmara Municipal na sessão desta terça-feira, 11 de fevereiro, para falar aos vereadores sobre o autismo, a atuação da entidade e sensibilizá-los a apoiar o pleito da AMA por uma sede própria. Com seis anos de existência, a associação reúne mais de 200 famílias em situação de vulnerabilidade social em Brusque, Guabiruba e Botuverá.
Guédria citou avanços de outras cidades catarinenses no que diz respeito a parcerias entre o poder público e entidades correlatas à AMA, como Itajaí e Balneário Camboriú, e declarou: “Estou aqui para expor a nossa situação, porque também queremos trabalhar. Em nosso apelo público, pedi por fonoaudiólogas, psicólogas, para atender as nossas crianças, porque elas precisam e isso me causa muita tristeza. A gente conseguiu sete voluntários e este grupo não para de crescer”.
O espaço de que a AMA dispõe para atendimento tem 20 metros quadrados e está localizado no bairro Guarani. Segundo a jornalista, essa estrutura está aquém do ideal para a prestação do trabalho que a associação pode oferecer. “É bom que Brusque comece a encontrar o seu caminho em termos do desenvolvimento das crianças com autismo”, alertou Guédria após citar dados estatísticos relacionados ao transtorno.
A associação não recebe recursos públicos para a manutenção de suas atividades. O único valor em caixa – R$ 30 mil – é oriundo da participação no Pedágio Solidário. A oradora contou já ter sido recebida por representantes da Assembleia Legislativa de Santa Catarina (Alesc) e da Fundação Catarinense de Educação Especial (FCEE), em Florianópolis, mas relatou dificuldades em conseguir conversar com o vice-prefeito de Brusque, Ari Vequi (MDB), para tratar dos interesses da entidade.
O presidente do Poder Legislativo, Ivan Martins (PSD), definiu como “crítica” a situação da AMA. “Sabemos da luta voluntária das pessoas que fazem parte da AMA. Vamos propor, em breve, uma reunião entre os vereadores para nos direcionarmos ao Executivo e buscar, talvez, uma solução para esse problema”, ressaltou o parlamentar. Ao longo da sessão, outros vereadores também se manifestaram solidários às demandas apresentadas. 
Realidade brusquense
“Em Brusque, a única entidade que atende gratuitamente crianças autistas é a APAE, que faz um trabalho muito bom, mas não dá conta de atender a todos”, observou Guédria. “Aos seis anos, só permanecem na APAE os que tiverem autismo severo, com alguma deficiência intelectual associada, ou autismo moderado com baixa funcionalidade. Nessa idade, as crianças que tem apenas autismo moderado ou leve ficam sem atendimento gratuito, justo quando estão entrando no primeiro ano e necessitam de apoio, mas as levam para a escola e não fazem nada. Elas param de ser estimuladas”, enfatizou. Segundo ela, 80% das crianças cujas famílias são associadas à AMA vivem atualmente sem qualquer terapia.

“Autismo não é doença”
Ao abrir seu discurso, Guédria procurou trazer esclarecimentos ao plenário: “Autismo não é doença, não é síndrome, é apenas um transtorno de desenvolvimento, que pode se apresentar nos níveis leve, moderado e severo”, disse. “Sempre vai comprometer áreas da comunicação, da interação social e a pessoa pode ter comportamentos repetitivos ou interesses restritos. Esses sinais estão presentes desde a primeira infância. Quem nasce com autismo, caminhará com ele a vida inteira”, prosseguiu.
A intervenção precoce – destacou a jornalista – é a melhor maneira de garantir o desenvolvimento saudável dos autistas: “É decisivo que o pediatra, a escola e a própria família entendam de desenvolvimento infantil para identificar sinais do autismo logo nos primeiros meses ou, pelo menos, até o terceiro ano de vida da criança”.
Feito o diagnóstico, a intervenção se dará através de áreas como a fonoaudiologia, a terapia ocupacional e a psicopedagogia. A estimulação correta e permanente pode levar à evolução do nível severo aos níveis mais leves do autismo, conforme explicou Guédria. “As pesquisas mostram que faz diferença se a criança recebe a intervenção por pelo menos 20 horas semanais. Ela é decisiva na saúde e na qualidade de vida que essa criança terá no futuro, na sua autonomia, no acesso ao mercado de trabalho e à universidade”, afirmou a oradora.

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