A brusquense que venceu Hortência no basquetebol

Foto: Wilson Schmidt Junior -

Foto: arquivo pessoal -
Foto: arquivo pessoal – Márcia é a primeira, da esquerda para a direita, de pé –

Brusque/Guabiruba – A nossa região está cheia de personagens que possuem histórias sensacionais sobre suas vidas e muitas vezes elas não chegam ao nosso conhecimento. Uma destas pessoas é Marcia Hochsprung Watanabe (46). No dia do Profissional de Educação Física, comemorado neste 1º de setembro, Olhar do Vale (ODV) conversou com ela para falar sobre a sua atuação nesta área profissional e, também, de toda sua experiência como jogadora profissional de Basquete. Nascida em Brusque, Márcia não tinha aulas de Educação Física na escola onde estudava durante a adolescência. A matéria era lecionada no contra turno e todos que ajudavam os pais – como em seu caso – estavam dispensados daquela disciplina. “Como trabalhava na roça com meus pais, dificilmente ia as aulas de educação física”

O início

Foi em uma competição interna da empresa Iresa, onde Márcia trabalhava, em que ela teve seu primeiro contato com o esporte. Mas não foi com o basquete e, sim, com o arremesso de peso. Mesmo sem saber como praticar aquela modalidade, Hochsprung acabou conquistando a primeira colocação naquele torneio, despertando a atenção de um de seus professores pelos seus 1,85 metros. Ele orientou Márcia a começar a praticar basquetebol na cidade de Blumenau, único município da região que disponibilizava o ensino da modalidade esportiva. “Quando iniciei em Blumenau continuei trabalhando na Iresa das 5h às 13h30min. A tarde ia pra Blumenau, voltando às 20h pra casa. Pedalava 10 quilômetros para chegar. Foi um início duro, mas valeu a pena”, destacou.

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Carreira profissional e a vitória sobre Hortência

Somente no ano de 1987 a atleta iria morar em Blumenau. Ainda não sendo uma jogadora de ponta e estando em início de carreira, ela dividia os treinos com o seu trabalho na hoje falida empresa Sulfabril, no turno das 5h às 13h. O resto do dia era praticamente inteiramente destinado ao esporte. Em 1988, porém, a sua vida iria se modificar drasticamente. “Comecei a jogar pra valer, então voltei a estudar e só jogar. No ano seguinte fui para Bauru, onde treinei com o Antônio Carlos Barbosa. Depois, em 89, fui para o Araçatuba, onde fiquei por 13 anos jogando estaduais, jogos abertos brasileiros e dois sul-americanos de clubes, onde um, inclusive, ficamos campeãs em cima do time da Hortência”, completa.

O jogo contra aquela que foi considerada a melhor jogadora de basquete do Brasil em todos os tempos foi disputado em 1992. Márcia, pelo Araçatuba, Hortência pelo Atlético Sorocaba. A partida era a final do campeonato sul-americano de clubes. Enquanto o Araçatuba era o time convidado, sem obrigação de levar o título, do outro lado o Sorocaba era um dos principais favoritos. E para o time da brusquense tudo estava dando certo. “Não caia nada da Hortência e as nossas bolas estavam tudo caindo. Até então era o time imbatível e nós com muita humildade e perseverança conseguimos ganhar”

Foto: Wilson Schmidt Junior -
Foto: Wilson Schmidt Junior –

Seleção Brasileira

Márcia lembra com emoção a vez em que foi convocada para integrar a Seleção Brasileira Juvenil de Basquetebol. O ano era 1989, no mundial da Espanha. “Foi um dos melhores dias da minha vida. Quando você inicia num esporte, seu sonho é sempre alcançar a seleção. E isso alcancei com dois anos de treinamento e foi uma das melhores coisas que aconteceram na minha vida”.

Ainda na década de 90 a jogadora, já aposentada do basquete profissional, morou por quatro anos no Japão, com seu esposo. Hoje Márcia Hoschprung Watanabe trabalha como coordenadora de esportes escolares da Secretaria de Esportes, Lazer e Assuntos para a Juventude de Guabiruba. As quintas-feiras ela leciona basquetebol para crianças e adultos na quadra do Colégio João Boos. “Dá pra escrever um livro” disse ela, brincando, durante a entrevista. E realmente dá.

por Wilson Schmidt Junior

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