Exclusivo: Engenheiro opina sobre o que ocorreu na cabeceira da ponte do Santos Dumont


Feriado de Tiradentes, 21 de abril, um feriado tranquilo de tempo chuvoso até ao chegar da noite. Neste dia a caiu a cabeceira da ponte Libério Benvenutti, popularmente chamada de ponte Santos Dumont ou ponte da Bilú.

Três carros caíram junto com ela e por sorte ninguém se feriu. De lá pra cá, muitas suposições foram feitas sobre o que ocasionou a queda da ponte. Imprudência? infortúnio?

Até agora nenhuma explicação plausível sobre o que de fato possa ter ocorrido. Em entrevista coletiva, o engenheiro responsável pelo consórcio Pacopedra/Freedom/Setorsul, Cristian Fuchs, que realiza a obra de prolongamento da Beira-Rio, margem esquerda, afirmou que não houve erro da empresa.

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A prefeitura diz que vai contratar um especialista em pontes, no entanto, segundo o entrevistado que o Olhar do Vale apresenta nesta matéria “será um gasto para dizer o óbvio”.


O Olhar do Vale procurou especialistas que possam dar o seu ponto de vista do que ocorreu. O perito judicial e engenheiro pleno há 38 anos, Airton Diegoli aceitou falar sobre o caso. O perito judicial é um profissional especialista que é designado pelo juiz que opina, afim de esclarecer fatos que auxiliem o magistrado na tomada de decisão. Nesta área, Diegoli atua há 37 anos.


Diegoli foi designado pelo juíz para analisar um problema com a ponte já no ano de 1997 aonde os blocos de fundação apresentaram um problema do meio do rio para frente e as estacas quebraram fazendo com que a ponte baixasse. “Na época, ela tinha a quantidade de estacas necessárias e elas quebraram, por isso ela deu uma escorregada de cima das estacas, mas não chegou a cair, só cedeu um pouco. Ela foi calçada e foram reforçados os blocos e estacas. Ela ficou perfeita até recentemente quando escavaram ao redor dos blocos, coisa que na época ninguém imaginou que fariam”, comenta.

Um dos argumentos utilizados pelo engenheiro responsável pela obra durante a entrevista coletiva foi que no projeto original da ponte haviam estacas que davam sustentação aos blocos de concreto e quando a empresa foi cavar percebeu que as estacas não estavam alí.


No entanto, Diegoli afirma que se isso aconteceu porque foi cavado profundamente. “Eles cavaram para dentro dos blocos, mas você não vai cravar as estacas alí, vai cravar as estacas no bloco inteiro. Eu não sei o tanto que eles escavaram para saber quantas estacas tinham lá. Se eles escavaram 30 cm eles viram uma ou duas estacas, mas e o outro lado?”, questiona Diegoli.

De acordo com o perito, a retirada do barro em volta dos blocos de concreto tirou a sustentação da ponte. Ele afirma que essa escavação deveria ter sido realizada com trânsito interrompido. “Na minha opinião, aconteceu a mesma coisa que aconteceu anos atrás. Os blocos estavam apoiados em cima de estacas, houve uma movimentação na ponte naquela época, passou caminhão em cima, vai tracionar, vai gerar uma força horizontal e essa força é transmitida para as vigas, das vigas para os pilares, para os blocos, dos blocos para as estacas. Os blocos estavam com água em volta na época e as estacas não aguentaram esses esforços horizontais, porque tinha água em volta, movimentou o bloco em cima da estaca. Ela não tinha resistência para aguentar isso. O que aconteceu agora? Aquele bloco que estava em cima, como tinha o barro em volta da Sapata, ela estava apoiada na estaca e ela não sofria nenhum movimento horizontal . A partir da hora que eles tiraram aquela proteção de barro permitiram que o bloco sofresse movimento horizontal e aí as estacas não suportaram e ela caiu”.

O engenheiro afirma que a principal medida para realizar a obra antes da queda seria a de interromper o trânsito no local e também ter feito uma contenção junto a ponte. “O jeito que ela desceu efetivamente quebrou as estacas e escorregou de cima das estacas. Eles expuseram as faces dos blocos. Durante a obras eles deveriam interromper o trânsito e escorar a ponte para fazer uma contenção”, opina.

Sobre o argumento que a empresa executou a obra pelo projeto da ponte, o engenheiro entende que deveria ter sido feito um estudo sobre o que ocorreu com a ponte nos anos 90. “Eu acho que a empresa não fez a análise correta, primeiro porque alguém deveria saber, ou deveria se lembrar que já houve um problema nessa ponte”, afirma.

De acordo com o perito, a outra margem da ponte tem uma contenção. ” Se tu olhares , a outra margem cabeceira vai ter que ter um muro de concreto protegendo as fundações dela, esse muro já foi feito em outra época, mas foi feito sem trânsito em cima dela”.


Mas de quem é a responsabilidade sobre o que ocorreu em 21 de abril? Diegoli é enfático:” De quem é a culpa? De quem cavou? Do engenheiro da empresa? Do engenheiro da prefeitura? Todos são responsáveis, mas alguém mandou cavar”, analisa.

De acordo com informações da prefeitura de Brusque, a ponte Libério Benvenutti a previsão de reabertura da ponte é no mês de junho.

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Jornalista graduado pela Univali em 2003 e pós-graduado em Gestão Estratégia Empresarial (ICPG) e Marketing (Univali). Passou por diversos veículos de comunicação da cidade, principalmente rádio. Desde 2011 atua também com treinamentos na área de oratória. Já treinou políticos, empreendedores, profissionais liberais e pessoas que tinham interesse em dar entrevista na mídia. Em 2014 fundou o Olhar do Vale, portal de notícias de credibilidade na cidade.