Os moradores da Rua Alberto Preti, localizada no bairro Limeira entraram em contato com a reportagem do Olhar do Vale para reclamar do mau cheiro frequente no bairro. Eles acusam a empresa Arga, que é uma usina de resíduos orgânicos e de produção de biogás, recém instalada na Área Industrial e que teve terreno doado pela prefeitura de Brusque em projeto aprovado pela Câmara Municipal de emitir mau cheiro na localidade. E isso tem tirado a paz dos moradores.
Segundo eles, o mau cheiro é frequente e “chega a ser insuportável” inclusive, segundo os moradores, alunos da escola Alberto Pretti já relataram que passaram mal em virtude do cheiro forte.
De acordo com o aposentado Valdecir Preti, de 51 anos , a empresa não deveria ter sido instalada no bairro. ” Eu acho que é muito infantil por parte de um prefeito assinar um projeto (de doação do terreno) como esse. Ele não pensou na população, só pensou nos empresários. Agora quero ver se o prefeito tem coragem de resolver isso para nós. Eu todo dia de manhã eu passo mal. Tem dias que você não suporta o cheiro. Tenho até vergonha de convidar um amigo para vir aqui. Só o empresário tem direito? Só o prefeito tem direito de sujar o nosso bairro? A gente quer a solução. 70% da empresa já estava pronta antes de passar pela Câmara de Vereadores. Ele já sabia que ia passar”, afirma o morador.
A costureira Marileia Leal, de 39 anos que mora a cerca de 1KM de onde a empresa foi instalada também, segundo ela, sente o mau cheiro e comenta que seu filho, estudante, reclama todo dia do mau cheiro e isso tem atrapalhado as atividades em sala de aula. “Eles reclamam, falam para a professora”, afirma.
Para o gerente de distribuidora, Evandro Forbes, de 43 anos, ” A nossa reivindicação não é para descontinuidade da empresa, é para resolver o problema do mau cheiro. O empresário prometeu em reuniões na Câmara e com a população que não ia haver cheiro. A gente tinha um pé atrás, mas acreditamos na palavra. Está uma luta desde o início da implantação. Foi um processo muito pesado. A gente tem uma desconfiança dos órgãos de fiscalização, pois já foi relatado que ele não tinha nenhuma licença, o projeto foi retirado de pauta e em 15 dias conseguiu tudo para aprovação. Muitos vereadores viraram as costas para a população e na última sessão nós fomos humilhados por um vereador. Lá é a casa do povo e o povo não podia se manifestar”, afirma.
O Olhar do Vale entrou em contato com o proprietário da empresa Arga, Amilton Gamba, mas ele não quis conceder entrevista para dar uma resposta a população.
Prefeito não recebeu os moradores
De acordo com os moradores, foi tentada uma reunião com o prefeito Ari Vequi. Depois de várias remarcações por parte do gabinete do prefeito, a reunião foi agendada, mas quem os recebeu foi o Secretário de Governo, Dirceu Marchiori, o que frustrou a comissão do bairro.
“Nada contra, fomos bem recebidos, mas nós gostaríamos de ter falado com o prefeito. Na campanha ele não mandou o Secretário pedir voto, ele que veio. Ele se criou no nosso bairro e espero que ele não vire as costas para o bairro. Hoje a nossa comunidade está sendo afetada, amanhã pode ser outra. O que dá para entender é que os anseios da população não são atendidos quando existe outro interesse. Na campanha não era “o Ari resolve”? Então queremos que ele resolva”, afirma Evandro Forbes.
De acordo com a assessoria de imprensa da prefeitura de Brusque ” o prefeito teve um compromisso e não pôde participar”.
Empresa notificada
A Fundação Municipal do Meio Ambiente (Fundema) foi questionada sobre a atuação da empresa. A superintendente do órgão, Ana Helena Boos, informou que a “Fundema está monitorando a operação da empresa, a mesma já foi vistoriada e notificada para adequações, a qual está providenciando o solicitado pela equipe técnica. Estamos no prazo para estas adequações, bem como acompanhando o que está sendo realizado” afirma.
Quanto ao prazo para que o empresário faça as adequações, a superintendente informou que até semana que vem o relatório das adequações deverá ser entregue à Fundação.
Comissão na Câmara
Uma Comissão Especial de Proteção Ambiental da Área Industrial da Limeira foi criada pela Câmara Municipal de Brusque para averiguar as denúncias dos moradores. A comissão é presidida pelo vereador Beto Piconha (Podemos) e tem como relator André Vechi (DC), ambos moradores do bairro. Além dos dois, fazem parte também Cacá Tavares (Podemos), Deco Batisti (PL) e Jean Dalmolin (Republicanos).
O vereador Cacá Tavares comenta em que estágio está a discussão do assunto: “Estamos na fase final de levantamento de custos, pra contratação de uma empresa especializada na realização de laudos que atestem da onde está vindo o mal cheiro e sua intensidade. Temos que ter uma prova técnica e independente. A empresa deve ser contratada nos próximos dias. Estamos monitorando com a ajuda de alguns moradores os horários que o cheiro fica insuportável”, comenta o parlamentar.
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