Conheça Batatais, o artesão da Cônsul


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Foto: Portal ODV

Foi numa peculiar Ford Belina que Aledson (36) e sua esposa Iara (25) viajaram por muito tempo. O carro, com placas de Batatais (SP), rendeu o apelido homônimo para o homem que, desde 2011, ganha a vida na Praça Barão de Schnenburg vendendo os mais variados tipos de artesanato, todos com materiais extraídos da natureza.

Mas qual é a história por trás do moço humilde e de hábitos simples e que passa despercebido pelos olhos de alguns? Porque ele leva tal estilo de vida? Em busca de respostas, Olhar do Vale conversou com Batatais na tarde desta quarta-feira (5). Muito bem recebida, a reportagem de ODV “gastou o verbo” com o artesão.

Até o início da década de 90, Aledson era um jovem como qualquer outro. Estudava e cumpria suas obrigações como os demais. Porém, a admiração que sempre nutriu pelo trabalho artístico manual e pelas pessoas que o executavam falou mais alto. Foi quando decidiu viajar pelo Brasil com o automóvel já citado, fazendo o que hoje faz com toda a entrega possível. Esculturas, pulseiras, tornozeleiras, aneis, filtros dos sonhos, entre vários outros produtos, você, amigo leitor, pode encontrar na barraca de Batatais, defronte à Choperia Platz, na Avenida Cônsul Carlos Renaux.

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Foto: Portal ODV
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A história de sua vinda a Brusque impressiona: “estávamos em um festival de artesanato em Minas Gerais quando soube que minha mulher estava grávida. Daí peguei um mapa e disse pra ela apontar aonde queria que nosso filho nascesse. E foi em Santa Catarina. Assim chegamos a Brusque”. Durante a conversa, ele relatou que foi difícil no começo, pois, foi complicado achar um ponto para instalar sua barraca de artesanato. “Mas, agora está tudo indo muito bem”, avalia.

Mas, afinal, trata-se de um estilo de vida ou uma profissão? Os dois. O artesão reconhece que a partir do momento em que se olha para ele, com o seu jeito diferente de se vestir, todos já sabem que ele é um homem que leva uma vida diferente das dos demais, da que você, que lê esta reportagem, provavelmente leva. “É mais simples, sem apego as coisas materiais. Não sou dessas coisas. Gosto mais de plantar, mexer com a terra”, completa o simpático barbudo por opção.

Num ponto da entrevista ele citou a experiência que viveu durante uma viagem de ônibus, onde era praticamente o único que não estava mexendo desenfreadamente em celulares e ou tablets. “Sou mais do tipo matuto”, pontua.

Preconceito

Batatais foi taxativo. O seu estilo de vida faz o preconceito vir à tona de maneira muito fácil, por parte das outras pessoas. Também foi bem claro ao dizer que não está nem aí com o que os outros pensam do seu modo de conduzi-la.

Atualmente, ele, sua esposa, mais sua filhinha, vivem tranquilamente num chalé em Brusque. Sobre a barraca de artesanato, ele falou que é possível viver, não só com as vendas como, também, com a participação em feiras culturais Brasil afora.

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Foto: Portal ODV

Política

Para quem se interessa um pouco mais sobre o assunto, é possível notar que o estilo bucólico do homem remete a uma insatisfação histórica do modo como o Brasil, “um país tão cheio de recursos e riquezas”, é governado. Para Aledson, tudo está uma verdadeira loucura. Só se pensa em consumir, em adquirir riquezas e o mais importante, como saúde, educação e segurança, é esquecido.

Por isso, prefere se manter acima de todo o assunto político, até por conta do medo de ter o seu pequeno negócio prejudicado. “Sabes que a corda sempre estoura do lado mais fraco, né?”.

Ao fim da entrevista, Batatais e Iara pousaram, orgulhosos, para uma foto ao lado de seus objetos preciosos e feitos com muito carinho. Essa é a história de um, de muitos artistas que levam um estilo semelhante de vida.

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