Camará 25 anos: o grupo que trouxe a Capoeira para Brusque


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Kbelera, o que segura o pandeiro, é uma das figuras mais conhecidas da Capoeira em Brusque – Foto: divulgação Grupo Camará –

Brusque – Capoeirista de Brusque que se preze, conhece Marcelo Backes Navarro Stotz (53). Talvez não tanto com esse nome. Mas se falarmos em Mestre Kbelera, já vem a imagem de um dos praticantes mais antigos do município. Coube a ele, em 14 de março de 1990, criar a Associação Brasileira C.A.M.A.R.Á Capoeira (ABC Capoeira). O grupo Camará, como é mais conhecido, está prestes a completar 25 anos de atuação ininterrupta na cidade. E é justamente por isso que Olhar do Vale procurou Kbelera para contar toda a história de amor a Capoeira, um dos mais brasileiros de todos os símbolos pátrios.

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Foto: divulgação Grupo Camará

De acordo com Kbelera, a história do Camará começou a ser desenhada há 35 anos, quando ele praticava no Grupo Berimbau de Ouro, comandado pelo Mestre Spock. Mais tarde, tal grupo mudaria de nome para Nação. Foi só depois, em 1990, que ele retornou a Brusque, já com a intenção de implantar a Capoeira no cotidiano brusquense. “Viemos fazer uma apresentação no aniversário de Brusque no final da década de 80, daí vi que isso causou um grande espanto por aqui, ninguém conhecia. Fiquei um final de semana e como eu sou nascido aqui eu resolvi vir para Brusque implantar esse trabalho”, afirma.

Mas nem tudo foram flores no início. Kbelera viveu na pele a resistência cultural. Preconceito e poucos adeptos foram apenas dois dos vários obstáculos que o grupo Camará teve que ultrapassar para consolidar-se na região. “Fomos amplamente criticados. Tinha gente que dizia que apenas a cultura nativa devia ser cultuada. Esqueceram-se que a Capoeira é uma das únicas coisas realmente brasileiras que temos. A cultura germânica e italiana tem toda a sua pujança, mas é estrangeira. A Capoeira é Brasileira. E por isso foi bem complicado. A Capoeira na sua origem também traz um ranço de preconceito. Até conseguirmos mostrar que é um meio de educação e que as pessoas se disciplinam, isso realmente custou bastante esforço e tempo.”

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Tudo mudou, de acordo com Marcelo, principalmente na virada do século, com o ufanismo proveniente dos 500 anos do Brasil. A partir dali, comenta, todos souberam o que era a Capoeira e os adeptos começaram a surgir com cada vez mais intensidade, deixando o preconceito de lado.

Inclusão

Marcelo foi indagado em certo ponto da entrevista sobre o que, de fato, é a Capoeira. Ele admitiu que é difícil definir. Será um esporte, um meio de vida, uma filosofia, uma dança ou uma arte marcial? Talvez a resposta seja “tudo isso junto”. Mais que isso, é também um instrumento de inclusão social.

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Foto: divulgação Grupo Camará

De acordo com o mestre, vários tipos de pessoas praticam-na. “Cadeirantes, pessoas idosas, enfim, não tem restrição. Aquela coisa performática, dos saltos mirabolantes, acontece também. Mas tem a coisa da integração social. Eu mesmo faço trabalho nos dois Caps (Centro de Atenção Psicossocial) e no Cagerê. O Magal (outro professor do grupo) está há dezoito anos dando aula na Apae, sempre de forma voluntária. A gente vê que a Capoeira é um instrumento psicopedagógico muito poderoso.”, comenta.

Prepare-se para se impressionar. Indagado por Olhar do Vale sobre quantas pessoas já aprenderam Capoeira no Camará, Kbelera foi incisivo. “Estava em 3700 pessoas, até quando eu parei de contar… Há doze anos atrás”.

Outro dado que impressiona é o fato de quase todos os bairros de Brusque, do Zantão ao Steffen, do Guarani ao Santa Terezinha, já terem sido atingidos por aulas ministradas por Camarás.

Como participar

Para saber mais informações sobre como participar do grupo Camará, acesse o site clicando aqui.

A entrevista de quase 15 minutos com o mestre Kbelera você confere, clicando em play, logo abaixo:

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