
Brusque – De todos os assuntos discutidos na noite desta terça-feira (17), na extensa sessão da Câmara de Vereadores de Brusque, o que mais tomou tempo e gerou embates efusivos entre oposição e base governista foi o abaixo assinado entregue pelos organizadores do protesto do último domingo (15), pedindo o afastamento imediato da presidente Dilma Rousseff e de toda a sua equipe de governo.
Coube ao presidente do legislativo, vereador Roberto Pedro Prudêncio Neto (PSD), efetuar um requerimento que pede a casa o envio do documento que contém mais de 2500 assinaturas até o Palácio do Planalto, em Brasília. O que poucos imaginavam é que a discussão iria se estender até mais de 22h. Enquanto integrantes da base governista se utilizavam da tribuna para explicar a votação contra o requerimento, além de classifica-lo como piada, vereadores da oposição reiteravam que aprova-lo era forma de dar voz aos que os colocaram na vereança.
De acordo com Prudêncio, em entrevista à Olhar do Vale (ODV), o vereador, como representante nato do povo, tem o dever e a obrigação de respeitar a voz das ruas. “Eles nos pediram simplesmente para entregar o abaixo assinado. Teve uma discussão enorme. Eu sinto vergonha daqueles vereadores que votaram contra este requerimento, pois, eles votaram contra o povo brusquense, contra as manifestações, contra tudo isso que está de errado no Brasil”, afirma.
Felipe Belotto (PT), também durante entrevista, voltou a classificar o abaixo assinado contendo mais de 2500 assinaturas como piada. Além disso, discordou da ideia de que as manifestações do dia 15 eram apartidárias, já que várias lideranças políticas brusquenses, estaduais e nacionais conclamaram a população para participar dos levantes populares do último domingo. “Eu acho que a sessão de hoje, com esse requerimento, é a Câmara tentando pegar carona, tentando fazer uso deste movimento para chamar pra si (…) É uma ofensa mandar um requerimento desses para nossa casa com esse tipo de sugestão”, disse.
O quão democrático é votar contra um requerimento que reúne assinatura de mais de 2500 pessoas? A pergunta foi feita tanto para Prudêncio, quanto para Belotto.

De acordo com o pessedista, quem votou contra fere o estatuto e o juramento dos vereadores. “Ele foi eleito através do sufrágio universal, previsto na constituição. É uma coisa muito séria. A voz do povo é manifestada através do vereador eleito. E nós temos que levar adiante, fazer este elo. Sem isto, não temos motivos de estarmos trabalhando”.
Para Belotto, a decisão não deixa de ser democrática, já que tal estado de direito não o impede de discordar da opinião da maioria. “Enquanto militante e presidente do Partido dos Trabalhadores em Brusque, enquanto alguém que acredita nos valores da esquerda e da democracia, seria trair os meus princípios votar a favor, porque estamos pedindo uma quebra democrática. Em segundo lugar, não acho que seja a solução para os problemas do país a retirada do Governo Federal”, finaliza.
A discussão entre os vereadores em vários momentos ultrapassou o limite do plenário, causando manifestações de ordem por parte da plateia, composta por organizadores dos movimentos do último dia 15. Um dos manifestantes, munido de uma bandeira do Brasil, foi convidado a levanta-la durante discurso de um dos vereadores oposicionistas ao governo PT.
O requerimento, apesar de tanta discussão, foi aprovado por oito votos contra cinco.
por Wilson Schmidt Junior
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