“Recebi mais de 70% de cartões de natal de políticos que só se lembraram em 2017 e a gente sabe o motivo”, diz Kohler sobre candidatos oportunistas


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Qual a expectativa do governo municipal para 2018 em Guabiruba? Com esta pergunta em mente a reportagem do Olhar do Vale marcou uma entrevista com o prefeito do município, Matias Kohler. Esta e outras perguntas foram respondidas pelo governante em entrevista a Anderson Vieira; Acompanhe:

Olhar do Vale: Prefeito, qual a sua expectativa para 2018 a frente da administração de Guabiruba?
Matias Kohler: Em relação a Guabiruba, nossa Administração é uma sequência daquilo que já é trabalhado desde o começo do governo; trazer a realidade de planejamento, organização, de sequência de ações, ou seja, sem surpresas para o guabirubense, que não seja aquela de pautar um ano sobre um processo de transparência, da organização e de busca do resultado efetivo em relação a obras principalmente além de cuidados médicos da saúde, da educação enfim. O foco principal é, em pavimentação, e dentro de duas linhas; A primeira é a continuidade de projetos de pavimentação em parceria, que tem dado muito certo em Guabiruba. Estamos passando de 50 ruas pavimentadas em quatro anos. Nós almejamos a pavimentação de 10 a 15 ruas em 2018. A outra é a busca de recursos do governo federal e estadual . O município já fez um cadastro e foi pré-selecionado no projeto Avançar Cidades, para fazer um financiamento em torno de R$ 10 milhões para Pavimentações. Os recursos serão aplicados principalmente no Lageado Baixo além da continuidade da pavimentação da Rua Antônio Fischer que faz a ligação do centro na rótula da NCA, até Igreja da Rua São Pedro que também é uma necessidade hoje em virtude do fluxo crescente do transporte de cargas nesse trajeto. É um trajeto de 2 Km. Temos a expectativa do Governo do Estado através do FUNDAM, que isso foi prometido desde o começo do ano passado e o governador continuou prometendo para 2018 (risos) e a gente espera que se concretize também. O Fundo deve contemplar também o bairro Aimoré. Então as pavimentações em parcerias serão o grande foco neste ano.

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ODV: Este é um ano eleitoral, logo, a prefeitura também fica engessada em relação a prazos …
MK: Todos os convênios na verdade eles tem que ser celebrados e iniciados até o dia 30 de abril então é um prazo muito curto: teremos então 3 meses pela frente. Vai depender de agilidade ou disposição do governo tanto Federal quanto Estadual fazerem as coisas acontecerem . O município pede e é o que estamos fazendo, mas mesmo assim, na legislação que hoje o Brasil vive , é totalmente infeliz, inaceitável, diria por que você a cada dois anos engessar entre a estrutura de uma forma tal que nada possa continuar só porque é um ano eleitoral no meu ponto de vista é uma infelicidade extrema de quem concebeu a legislação dessa forma achando que com isso moraliza ou inibe qualquer tipo de uso inadequado e recursos públicos. Se fosse assim verdade não teríamos todos os escândalos que estamos vendo na televisão pelo Brasil afora, mas isso infelizmente é a realidade que pode atrapalhar o projeto de 2018.

ODV: O senhor deve visitar Brasília nesse primeiro semestre de 2018?
MK: Havendo uma necessidade sim, eu confesso que fui diversas vezes já, mas só teve alguma coisa pouca de resultados que Brasília ainda trata na base da representação política. Lá o deputado votou a favor do governo, ele tem acesso, se ele não votou a favor do governo ele vai para escanteio. Em todos os governos foram assim, não é diferente nesse governo atual. Então aí muitas vezes é necessário ir para se fazer lembrado, mas eu confesso que não é do meu agrado e nem acredito muito nesse modelo por mais que as entidades muitas vezes propagam e os prefeitos têm que ir de dois em dois meses para você estar renovando pedido. Se alguém me traz na minha mesa se eu consigo atender não precisa voltar duas vezes e se eu não consigo atender eu te digo infelizmente isso não pode ser executado tem que esperar até o ano que vem daqui a dois ou não espera que não vai acontecer.
Então essa é a resposta que nós precisaríamos ter do governo federal também. Dentro das instituições, dentro dos Ministérios, por exemplo, dizer que “o pedido dos ônibus escolares de Guabiruba não serão atendidos não adianta senhor perder tempo ou não o senhor me traz mas esse papel aqui início 2019 o senhor vai ganhar seu ônibus” É isso que tinha que funcionar mas esse é o modelo que vai funcionar e por isso as vezes a ida a Brasília no aspecto de ser lembrado se torna necessário, mas não sei se eu vou. Não há um critério de justiça na partilha do recurso Federal.

ODV: O que causa mais efeito então?
MK: A responsabilidade é de quem administra, tanto do governo Municipal, até o Federal. Se eu aqui começar a privilegiar ou distratar por fatores meramente políticos eu estou prejudicando toda uma cidade e eu não posso fazer isso de maneira nenhuma e não tenho feito e não vou fazer. Acredito que o governo estadual e o governo federal devem agir da mesma forma, ou fazer aquilo que todo Brasil espera que aconteça que é a mudança nesse neste pacto federativo, que o recurso permaneça na sua origem e tem uma destinação de uma parcela para manter a estrutura Federal mas que lá o recurso talvez tenha mais eficiência, hoje não tem.

ODV: E quanto ao plano de saneamento básico de Guabiruba, prefeito?
MK: O plano de saneamento não está na câmara ainda, mas vai ser enviado. Ele ainda está sendo trabalhado internamente. Há uma necessidade e eu acho que Guabiruba não pode protelar isso logicamente. Se você falar em saneamento hoje o município como o nosso ou qualquer lugar o Brasil manda recursos e o município não tem com recursos próprios você não consegue. Então você precisa de apoio do governo federal e tem linhas inclusive a fundo perdido através da FUNASA que pode contemplar os municípios. Então a gente está trabalhando justamente no plano para daí conseguimos pleitear ao governo federal , seja lá quem for o próximo presidente com atual não dá para fazer até porque há um curto espaço de tempo e que a gente possa em 2019 ter um recurso nessa linha . Além disso vai passar também vai passar pela nossa mudança na gestão e gerenciamento da água do município, a CASAN vai finalizar seu contrato com o município em 31 de Março e a partir de Abril o município vai assumir efetivamente e com isso nós queremos também começar a traçar paralelamente a gestão do fornecimento de água e já iniciar também a questão do saneamento dentro desse novo contexto há um ônus nessa linha todo mundo sabe que o esgoto se paga em qualquer lugar do Brasil, aqui certamente daqui pra frente terá que se pagar alguma coisa com isso, dentro desse modelo. De que forma vai acontecer, isso tem que ser estudado, discutido abertamente com a sociedade, com a câmara de vereadores primeiramente, mas também com as entidades organizadas e ver qual processo Guabiruba vai ver nessa questão. Nós temos diversas nascentes de água, não me canso de dizer que somos privilegiados. Não vem esgoto de cidade nenhuma pra Guabiruba, a não ser aquilo que produzimos, então nós temos uma cidade limpa, tanto em relação ao lixo, quanto ao esgoto.

ODV: Já se tem a ideia de como vai ser a operacionalização disso?
MK: No momento ainda não. Nós temos um processo de contratação emergencial de uma empresa durante seis meses, que vai gerenciar essa questão no município e nesses seis meses, vamos modelar o que teremos para frente, se é um gerenciamento total do município, se será uma terceirização parcial, da parte operacional e a administrativa ficaria com o município ou se há uma concessão total, isso vai depender do que nós entendemos como sociedade. Não é o prefeito que vai decidir, vai ser em conjunto com o corpo técnico, câmara de vereadores e entidades organizadas.

ODV: Em época eleitoral vem muitos candidatos em Guabiruba, alguns que nem se quer ajudaram o município. Qual seu pensamento em relação a isso?
MK: Primeiramente, aposto, que assim como no Brasil todo, precisamos de renovação. Renovação de ideias, não de pessoas. Muitas vezes se renovam pessoas e as ideias continuam as mesmas. Então, tem que ter um pouco mais de espaço, e ai eu avalio positivamente o envolvimento de entidades organizadas como: OAB, CDL, FIESC, infinitas entidades. Que essas entidades tomem posição e comecem a exigir de seus representantes uma resposta daquilo que eles se propuseram a fazer, aquilo que prometem quando se candidatam, ou vamos continuar fadados ao modelo que vivemos hoje, os deputados vem aqui, qualquer região do estado, acaba se elegendo, vira as costas e só volta quatro anos depois.
Esse ano fiz uma experiência: Guardei todos os cartões de natal que a prefeitura e o prefeito receberam. Estranhamente mais 70% são pessoas que só se lembraram esse ano, não por que é natal, mas a gente sabe porque é lembrado; eles querem ser bem vistos nesse ano eleitoral. Isso não convence mais ninguém. Não posso aceitar isso como administrador de uma cidade, que alguém me apareça de quatro em quatro anos e diga ao prefeito : o senhor me arruma 500 votos depois eu te ajudo, depois vira as costas. Por isso eu defendo, que na nossa região nós tivéssemos a inteligência suficiente de abrir mão de vaidades partidárias, coisa que é difícil, mas que a gente dissesse: “vamos eleger um representante para estadual e federal, mas que vai defender nossa região, somos quatro ou dez municípios e vamos ter alguém lá contabilizando com nós”. Que o mesmo deputado não brigue desde o Oeste de SC até o Sul. No modelo atual, nós temos essa figura, o deputado faz votos no estado todo, tem que defender todo mundo e no fim não defende ninguém. E ai esse é o modelo errado. Então nós temos votos mais que suficientes aqui para eleger um deputado federal, estadual, ou até dois estaduais. Mas pra isso nós temos que ter uma mudança de comportamento no aspecto partidária. Ai você vai me dizer, o prefeito abre mão? Eu abro, já abri mão, já fui convidado para postular candidatura de deputado e não quero, porque entendo que não é a imposição de nomes que vai ser a solução, mas sim as entidades todas juntas, junto com a população que dissesse: “nós vamos eleger o João o Pedro e Maria, e agora sim: Nós queremos as repostas de vocês para região, que eles não tenham compromisso com São Miguel do Oeste, com Laguna ou com não sei quem, e sim com a região, mas infelizmente é um sonho.

ODV: O senhor acha isso realmente possível?
MK: Possível é, basta ter vontade. O problema é que as vaidades, tanto partidárias quanto pessoais se sobrepõem ao projeto da região.

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