“Os brusquenses caminharam na contramão do que aconteceu no Brasil”, diz cientista político sobre protestos

Foto: arquivo pessoal -

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Brusque – Passados mais de dois dias após as manifestações do último domingo (16), em todo o Brasil, já é possível fazer uma espécie de balanço – do ponto de vista científico – de todos os levantes que ocorreram em todo o Brasil. Porém, mais especificamente em Brusque, onde aproximadamente mil pessoas desfilaram de verde em amarelo em protesto principalmente ao governo Dilma Rousseff e, também, ao Partido dos Trabalhadores (PT). Para falar a respeito do pluralismo temático a reportagem de Olhar do Vale entrevistou o cientista político Carlos Eduardo Sell. Atualmente lecionando na Universidade Federal de Santa Catarina, Carlos é um dos maiores analistas políticos de todo o estado.

Para ele, os reclames populares vistos na Praça Sesquicentenário durante o final de semana estão com uma maior amplitude temática. Porém, em sua visão, é preciso ter cautela para analisar se isso como um todo. “Ao expandir sua crítica à corrupção como um todo, a manifestação brusquense ganhou em legitimidade, pois é fato que a corrupção não está restrita a apenas um partido político. Mas ela perde em efetividade, quer dizer, eficiência. Manifestações bem sucedidas precisam ter foco. Nesse sentido, os brusquenses caminharam na contramão do que aconteceu no Brasil, pois os organizadores têm tornado sua agenda mais centralizada em torno da renúncia. Há, contudo, um fator local que pode explicar qual o motivo dessa diferença. Ocorre que em Busque, com o afastamento do prefeito, o quadro local está conturbado e toda a classe política está profundamente deslegitimada. Há uma enorme frustração com todos os partidos e todo o sistema político. Outro fator é o maior número de participantes dessa edição, pois isso aumenta o pluralismo de visões e iniciativas”, explicou.

Os organizadores dos protestos no município de Brusque mudaram foram mudando, no decorrer dos meses, a sua pauta de revindicações. Se no início do ano levaram seis mil às ruas para pedir a deposição da petista, agora o principal mote é pedir o fim da corrupção, sem defender o Impeachment. Para Sell, tal fato se deve a uma tentativa de se deixar o protesto com objetivos mais centralizados, focados. “Há uma teoria em ciência política que se chama Teoria dos Jogos. Ela afirma que quando observamos a jogada do adversário, mudamos nossa tática. O que está acontecendo no Brasil é reflexo desse fenômeno. Os jogadores mudaram suas táticas. O governo, desta vez, veio mais preparado e reagiu com antecedência. Os organizadores também mudaram seu foco, deixando o tema menos abstrato; mais focado. Houve aprendizado mútuo, fruto da interação entre os jogadores. Melhor… Os organizadores também mudaram seu foco, deixando seus objetivo mais especificados, mais determinados, concretos”, finalizou.

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por Wilson Schmidt Junior

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